Summary

A obesidade apresenta-se de modo epidêmico, com destaque na população feminina e seu tratamento apresenta quantidade expressiva de fracassos. Por ser um fenômeno complexo e relevante para a saúde pública, faz-se necessário compreender os fatores que favorecem e os que dificultam o seu tratamento. Como objetivo geral, este estudo se propôs a compreender a experiência do tratamento da obesidade/sobrepeso em mulheres adultas em um hospital público da cidade de Salvador, Bahia. Trata-se de um estudo qualitativo, desenvolvido num ambulatório de nutrição que contou com entrevistas semi-estruturadas. Identificou-se a influência da subjetividade e da intersubjetividade no tratamento, a auto- responsabilização das pacientes pelo mesmo e o uso de ironias como estratégia para lidar com o sobrepeso/obesidade. Verificou-se a adoção de uma estética peculiar que pode estar relacionada ao não alcance da cultura praieira soteropolitana (de preocupação com o corpo) sobre as mulheres estudadas, provenientes do interior da Bahia, tornando-as mais complacentes quanto a seu estado e resistentes ao tratamento. Este estudo visualizou o excesso de peso e a resistência a seu tratamento como um enfrentamento à cultura atual e à imposição do estilo de vida contemporâneo; trouxe uma noção de adesão ampliada ao tratamento, apostando numa perspectiva de redução de danos e alertou para a configuração do serviço de atenção à saúde do obeso, destacando a necessidade de desenvolver serviços transdisciplinares.