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A obesidade tornou-se um desafio de saúde global, afetando também a saúde reprodutiva. Nas gestantes, a obesidade aumenta o risco de complicações como parto prematuro, macrossomia, diabetes gestacional e pré-eclâmpsia. Além disso, a obesidade está associada a efeitos adversos a longo prazo para a prole, incluindo aumento do risco de doenças cardiovasculares e metabólicas e dificuldades de desenvolvimento neurológico. Os mecanismos subjacentes estão longe de ser compreendidos, mas a função placentária é essencial para o resultado da gravidez. As proteínas transportadoras P-glicoproteína (P-gp) e a Proteína de Resistência ao Câncer de Mama (BCRP) são importantes para o transporte transplacentário de substâncias endógenas como lipídios e cortisol, um hormônio chave na maturação dos tecidos. Eles também desempenham uma função protetora, protegendo o feto dos xenobióticos (por exemplo, produtos farmacêuticos). Estudos em animais sugerem que o estado nutricional materno pode afetar a expressão dos transportadores placentários, mas pouco se sabe sobre o efeito na placenta humana, especialmente no início da gravidez. Aqui, investigamos se o sobrepeso e a obesidade em mulheres grávidas alteraram a expressão de mRNA de ABCB1 que codifica P-gp ou ABCG2 que codifica BCRP na placenta humana do primeiro trimestre. Com consentimento informado, 75 amostras de placenta do primeiro trimestre foram obtidas de mulheres que buscaram voluntariamente o aborto cirúrgico (<semana gestacional 12) (nº de aprovação: 20060063). Amostras de vilosidades (idade gestacional média de 9,35 semanas) foram utilizadas para análise qPCR. Para um subconjunto (n = 38), vilosidades adicionais foram congeladas para análise de proteínas. O IMC materno foi definido no momento da interrupção da gravidez. Em comparação com mulheres com IMC 18,5–24,9 kg/m2 (n = 34), a expressão de mRNA ABCB1 foi significativamente aumentada em amostras de placenta de mulheres classificadas como com sobrepeso (IMC 25–29,9 kg/m2, n = 18) (p = 0,040) e mulheres classificadas como obesas (IMC ≥ 30 kg/m2, n = 23) (p = 0,003). Embora a expressão da P-gp não tenha apresentado diferença estatisticamente significativa entre os grupos, o efeito do aumento do IMC foi o mesmo nas gestações masculinas e femininas. Para investigar se o aumento da P-gp foi compensado, determinamos a expressão de ABCG2 que não foi afetada pela obesidade materna (p = 0,291). O IMC materno afeta a expressão de mRNA de ABCB1, mas não de ABCG2 na placenta humana do primeiro trimestre. Mais estudos sobre a função placentária precoce são necessários para compreender como a expressão das proteínas de transporte placentárias é regulada por fatores maternos, como o estado nutricional, e determinar as consequências potenciais para a interação placentário-fetal.