Por que o tema é relevante?

Vários mecanismos podem explicar a associação entre o consumo de alimentos ultraprocessados (AUP) e a diminuição na qualidade da dieta e o ganho de peso. Entre eles, destacam-se os recursos promocionais nas embalagens de alimentos, que agregam valor ao produto através do aumento das vendas ou pelo uso de personagens ou celebridades, influenciando o processo de tomada de decisão, principalmente em crianças e adolescentes.

Qual é o objetivo do artigo?

Avaliar as diferentes estratégias promocionais aplicadas para a venda de produtos ultraprocessados em supermercados no Brasil.

Quais as principais conclusões?

O estudo avaliou mais de dois mil alimentos ultraprocessados (AUP) disponíveis no mercado brasileiro, e constatou que 59,8% deles apresentaram pelo menos uma estratégia promocional em suas embalagens. Quase um terço desses produtos utilizou simultaneamente diferentes estratégias na mesma embalagem. As alegações nutricionais foram as mais comuns, seguidas por alegações de saúde e pelo uso de personagens. Os subgrupos de AUP que lideraram em termos de uso de estratégias promocionais, muitas vezes incluindo múltiplas propagandas em suas embalagens, foram os adoçantes não calóricos, cereais matinais e barras de granola, sucos, néctares e bebidas com sabor de frutas, bem como outras bebidas sem açúcar e outras bebidas adoçadas. Mais de 90% dos produtos nesses subgrupos tinham alguma estratégia de venda em suas embalagens, com destaque para as alegações nutricionais, especialmente em cereais matinais, açúcares e adoçantes de mesa com baixas calorias e outras bebidas adoçadas.

Dado o baixo valor nutricional dos AUP, a presença generalizada de recursos promocionais em suas embalagens ressalta a necessidade de restrições de marketing para esse tipo de produto. Isso é particularmente importante devido à influência significativa que essas estratégias exercem na decisão de compra dos consumidores.