Resumo

Introdução: O ritmo da vida urbana, dado pelo processo de produção, invade a vida social e acaba impondo aos cidadãos metropolitanos alguns comportamentos de consumo. No que se refere à padronização do consumo alimentar, nota-se que é cada vez mais frequente a realização de refeições fora de casa, o que contribui na persistência de ameaças para o alcance da Segurança Alimentar e Nutricional (SAN), devido à alta ingestão de alimentos não saudáveis. Objetivo: Caracterizar o ambiente alimentar no interior das estações de metrô da cidade de São Paulo, sob o ponto de vista da SAN, incluindo a comercialização de alimentos e a instalação de pontos comerciais de alimentos. Métodos: Este estudo foi realizado em 19 estações distribuídas nas cinco linhas existentes do metrô administradas exclusivamente pelo Governo do Estado. Nas estações que comercializavam alimentos, foi utilizado instrumento que caracterizou: os estabelecimentos; a disponibilidade de informação para o cliente e forma de apresentação dessa informação; a disponibilidade dos itens marcadores de alimentação saudável e não saudável; os preços, promoções e propagandas de alimentos comercializados. Para a compreensão das políticas, das normas e da regulamentação da presença de estabelecimentos, foi realizada uma busca de documentos com auxílio de um roteiro e, posteriormente, foi realizada uma entrevista individual semiestruturada com o Chefe do Departamento de Negócios da Companhia. Dessa forma, foi realizada análise descritiva do comércio de alimentos em relação às variáveis coletadas e foram calculadas as frequências relativas e absolutas, médias e medianas com auxílio do programa SPSS (IBM, New York, USA). Os documentos para a instalação de pontos comerciais foram organizados em forma de textos no Word (Microsoft Word 2010) e de planilhas no Excel devidamente identificados para serem compreendidos e analisados de acordo com os itens propostos no roteiro. A entrevista transcrita serviu para complementar as informações obtidas pela análise documental, partindo do referencial teórico da SAN. Resultados: Foi observada uma baixa disponibilidade de alimentos saudáveis em relação aos alimentos não saudáveis nos pontos comerciais encontrados, sendo que, aqueles que comercializavam alimentos saudáveis os apresentavam com pouca variedade e a preços não tão competitivos em relação aos alimentos não saudáveis. Além disso, a presença de estratégias de marketing de alimentos e bebidas não saudáveis e a ocultação de informações nutricionais também foram fatores considerados como um incentivo aos alimentos não condizentes a uma alimentação adequada e saudável. Na descrição dos documentos da Companhia, o Cadastro Municipal de Vigilância em Saúde é a única “garantia de qualidade” dos alimentos presentes nos pontos comerciais e não são mencionados os aspectos de SAN para a comercialização de alimentos nas estações. Considerações finais: A presente investigação pode despertar o interesse do poder público na formulação de intervenções, políticas públicas e regulamentação, que considerem a realização do direito humano à alimentação adequada como um objetivo central, aplicadas a esse contexto. Uma vez que, por se tratar de um equipamento que presta serviços à população, onde circulam milhões de pessoas todos os dias, e pela existência de políticas, ações e estratégias no Brasil e na cidade de São Paulo que buscam a garantia da SAN, esse deve promover ambientes saudáveis aos seus usuários.