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41% da população de países de média renda vive perto de equipamentos públicos abertos

Pesquisa publicada na revista The Lancet mapeia distância das populações mundiais das áreas de equipamentos públicos abertos

André Derviche Carvalho

4 de ago de 2022 (atualizado 21 de dez de 2023 às 17h02)

Menos da metade da população de países de média renda vive a uma distância menor que 500 metros de equipamentos públicos abertos. Os dados apareceram em uma pesquisa publicada na revista The Lancet em 2022 e que analisou 25 cidades distribuídas em 19 países. Com isso, o estudo estimou que 41,5% das populações do grupo de países de média renda vivem perto de equipamentos públicos abertos.

Do outro lado, em países de alta renda, cerca de 74,1% da população está perto desses equipamentos. “O acesso a esses locais é facilitado dependendo da característica da renda do país”, explica o professor Rogério Fermino, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), em live do Painel Brasileiro da Obesidade.

Equipamento público aberto (EPA) é o nome dado a espaços do ambiente urbano que potencialmente favorecem a atividade física. Nesse contexto, parques, praças e ciclovias são alguns exemplos de EPAs. Com isso, por meio dos dados da The Lancet, é possível analisar como as populações do mundo acessam de diferentes formas a prática de atividades físicas e, consequentemente, a prevenção de doenças como a obesidade.

Estudos apontam que a prática de atividade física tem o potencial de contribuir com 15% a 20% do gasto energético diário de uma pessoa. Essa prática também é um dos recursos indicados por profissionais da saúde para prevenir o excesso de peso. “Do ponto de vista da saúde pública, esses equipamentos públicos têm uma perspectiva interessante quando pensamos em melhorar a saúde da população”, afirma Fermino. Portanto, a população de países de média renda encontram um acesso menor a essa perspectiva quando comparados ao grupo de alta renda.

Do ponto de vista global, a cidade de Bern, na Suíça, aparece como a que tem a maior parcela da população perto de equipamentos públicos abertos (80%). O município com o menor índice é Maiduguri, na Nigéria, com 0,5%. A única cidade brasileira que apareceu no estudo foi São Paulo com 15,5%.

Quantidade ou qualidade?

Com o desenho urbano sendo relacionado ao acesso a atividades físicas e, consequentemente, à saúde, a pergunta que fica é: qual a melhor forma de alinhar o desenvolvimento urbano à saúde da população? Além de garanti-los em uma quantidade suficiente, para o professor Fermino, o caminho também passa por oferecer boas condições para esses equipamentos públicos abertos: “Precisamos pensar não só no uso dos locais, mas também na qualidade e na estrutura do parque”. Assim, uma boa estética, acessibilidade e segurança são fatores essenciais para atrair frequentadores dos espaços.

Outra discussão que se coloca é sobre o entorno desses parques e praças. A cidade de Bogotá, na Colômbia, por exemplo, ganhou notoriedade por criar o projeto Recreovía em 2021. A ideia era fechar semanalmente uma faixa de rua de 2,5 quilômetros para os carros. O resultado foi o estímulo da circulação de pessoas e da prática de atividades físicas no local.

Além de fechar as ruas, a Prefeitura buscou incentivar alimentos saudáveis, como frutas e sucos, no entorno desses espaços abertos. Contudo, no Brasil, geralmente a preocupação se dá mais sobre o que é consumido dentro dos equipamentos do que no entorno. É lá que podem ser encontrados, por exemplo, alimentos ultraprocessados. “O entorno deste local precisa ser pensado. Primeiro para facilitar o acesso e segundo para poder disponibilizar locais mais saudáveis para a atividade física”, afirma Fermino.

A política dos espaços públicos abertos

Para alinhar as políticas de urbanismo com as de saúde, o caminho que se apresenta é o da interlocução. Porém, segundo Fermino, “a principal barreira é colocar em uma mesma mesa para conversar profissionais de diferentes áreas”. Uma solução é promover maior interação entre setores do poder público no momento de planejar a cidade. Vale lembrar que o Plano Diretor é citado por especialistas como uma boa oportunidade para isso.