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Prática insuficiente de atividade física chega a 51% da população em regiões do Brasil

Campo Grande (51,4%), São Paulo (49,9%) e Cuiabá (49,1%) lideram o ranking de atividade física insuficiente

André Derviche Carvalho

1 de ago de 2022 (atualizado 7 de ago de 2022 às 17h20)

Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma pessoa deve praticar pelo menos 150 minutos (ou 2 horas e 30 minutos) de atividade física moderada por semana. Esse número cai para 75 minutos quando falamos da prática vigorosa. Porém, no Brasil, metade da população de três capitais não atinge esse tempo, segundo dados da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) de 2021. Outros vários municípios se aproximam da metade.

A prática de atividades físicas é uma iniciativa importante para prevenir doenças cardíacas, por exemplo, que estão entre as principais causas de morte no mundo, segundo a OMS. “A decisão de praticar atividade física é multifatorial. Questões culturais, sociais e econômicas influenciam bastante. É muito interessante que professores, pesquisadores e gestores da Saúde pensem sobre essas questões para entender e avançar nos números de atividade física”, aponta Maria Cecília Tenório, diretora da Sociedade Brasileira de Atividade Física e Saúde (SBAFS).

No Brasil, a prática insuficiente de atividades físicas aparece em maior proporção entre as mulheres. Enquanto o intervalo dos homens vai de 30% (Goiânia) a 46% (Campo Grande) da população masculina que pratica atividade física insuficiente nas capitais, entre as mulheres essa janela vai de 43% (Florianópolis) a 63% (Rio de Janeiro). Para analisar o tempo de prática, o Vigitel considera a “soma de minutos despendidos em atividades físicas no tempo livre, no deslocamento para o trabalho/escola e na atividade ocupacional”, segundo o relatório de 2021.

Preocupação global

Nesse contexto, a falta de atividades físicas não é algo que se restringe à realidade brasileira. Inclusive, o mundo vem se preocupando com essa questão pelo menos desde 2004. Naquele ano, a OMS publicou a Estratégia Global para Alimentação, Atividade Física e Saúde, na 57ª Assembleia Mundial de Saúde. “É um marco histórico. A partir disso, a atividade física é considerada como um fator importante para a proteção e promoção da saúde”, analisa Maria Cecília. No Brasil, o empenho apareceu um ano depois. Em 2005, o Ministério da Saúde iniciou o fomento de programas de promoção da atividade física ligados ao Sistema Único de Saúde (SUS) a partir da Portaria 1.065 de julho de 2005.

Atualmente nos governos, ainda se encontram iniciativas de estímulo à prática de atividades físicas entre a população. Em 2021, por exemplo, foi lançado no Brasil o Guia de Atividade Física para a População Brasileira. Contudo, Maria Cecília destaca que há uma diferença entre iniciar políticas e de fato implementá-las. Um estudo realizado em 160 países mostrou que, em 2015, 91% deles tinham políticas voltadas às atividades físicas, mas 71% as tinham implementado.

Políticas de atividade física

Para fomentar o vínculo entre a formulação de políticas e de instrutivos e a implementação dessas medidas, Maria Cecília aponta o caminho da articulação.  “Precisamos buscar várias sociedades e entidades para que possamos avançar nisso. Já avançamos muito em relação ao conhecimento da atividade física, precisamos avançar agora em relação às intervenções para colher frutos”, afirma 

Assim, nos vemos diante de um processo que é intersetorial e deve, portanto, envolver outras competências, como a educação e o urbanismo. Enquanto a primeira pode ajudar com o aspecto da educação alimentar nas escolas, o segundo pode contribuir ao proporcionar espaços na cidade para a prática de atividades físicas: “A falta de atividade física precisa ser vista como um inimigo. Vivemos em uma sociedade que incentiva comportamentos sedentários, como a diminuição do brincar, do tempo das aulas de Educação Física na escola, a falta de segurança da rua para que a gente possa se deslocar ativamente.”