Resumo

Os sistemas alimentares compreendem a forma de produzir, abastecer, comer-cializar e consumir os alimentos. Eles afetam e são afetados pelas mudanças cli-máticas, assim como a saúde e a vida planetária. A produção em monoculturas, com o uso massivo de agrotóxicos, muitas vezes em terras desmatadas, corro-bora para a degradação do solo, perda da biodiversidade. O aumento da tempe-ratura, o aumento na concentração de gases de efeito estufa (GEE), como: dió-xido de carbono (CO₂), metano (CH₄), óxido nitroso (N₂O), a mudança no padrão das chuvas, o aumento na severidade das secas e inundações, o aumento na intensidade dos eventos extremos afetam a produção de alimentos.Os sistemas alimentares respondem no mundo por aproximadamente 1/3 das emissões de gases de efeito estufa (GEE) no mundo. E, no Brasil, essa carga é ainda maior. Em 2021, mais de 70% das emissões dos GEE foram em função dos sistemas alimentares.Vivemos em uma Sindemia Global, um fenômeno caracterizado pelas pande-mias da fome, obesidade e mudanças climáticas. Pandemias que compartilham determinantes, os sistemas alimentares hegemônicos, que estão adoecendo as populações e nosso planeta.A transição para sistemas alimentares saudáveis e sustentáveis pautada no Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA), e não nos interesses mercado-lógicos, urge. A forma predominante de produção de alimentos impulsionada pelo agronegócio e por mecanismos que amplificam as desigualdades, aprofunda as tensões de subsistência e aumentam a insegurança alimentar e nutricional. A luta pela preservação do meio ambiente e pelo DHAA é indissociável da luta contra a pobreza e por um mundo menos desigual e mais justo, portanto, exercem uma influência mútua em sua carga para a sociedade.