Resumo

Este artigo estabelece pontos de compreensão sobre a emergência histórica e dinâmica do
que vem se configurando como ativismo de aceitação corporal no Brasil, através do uso
de plataformas virtuais, notadamente protagonizado por mulheres. Recorta e analisa, pelo
perfil de algumas influenciadoras digitais, bodyativistas, o que vem se configurando
como aceitação do “corpo que se tem” e de “positividade do corpo” das mulheres gordas,
tanto pelo delineamento do mercado e do movimento chamado plus size, como de forma
correlacionada, pela adesão ao movimento Body Positive, conhecido pelo uso da hashtag
#bodypositive ou #BoPo, e suas interações com os feminismos. Problematiza tais
discursos à luz do que foi constituído historicamente para os corpos das mulheres,
enquanto fronteira demarcadora da adequação e aceitação: a constante atualização do
mito da beleza. Em relação com os dispositivos que se depreendem deste, indicia os
deslocamentos como fissuras produzidas nos padrões excludentes, mas também as
capturas que alimentam o mercado de consumo e reificam o corpo como valor inconteste
na contemporaneidade. Inspira-se para tal nos estudos culturais sobre o corpo, gênero,
feminismos e nas interrelações entre a história e a comunicação.