Resumo

Introdução: O leite humano é considerado a fonte ideal de nutrição para o recém-nascido. Nos sete primeiros dias de vida, esse recém-nascido recebe o o colostro que contém as maiores porções de compostos imunes essenciais para a maturação do trato gastrointestinal e sistema imune infantil. Porém, alguns fatores, como obesidade materna e consumo de alimentos ultraprocessados, podem vir a alterar a concentração desses compostos imunes do colostro. Diante desse contexto, torna-se relevante avaliar alterações nas concentrações desses compostos imunes presentes no colostro de acordo com o estado nutricional materno e na presença de consumo de alimentos ultraprocessados, uma vez que essas mudanças podem impactar no desenvolvimento do sistema imune do recém-nascido. Objetivo: O presente trabalho tem por objetivo verificar se o consumo materno de alimentos ultraprocessados, e se o estado nutricional materno interferem na composição imune do colostro. Métodos: Estudo transversal retrospectivo, realizado com três grupos de mulheres internadas no pós-parto imediato em Maternidade referência em Belo Horizonte. Os grupos foram divididos de acordo com o estado nutricional pré-gravídico: eutrofia, sobrepeso e obesidade. Foram reunidos dados socioeconônimos, de saúde e antropométricos da caderneta da gestante e avaliação no pós-parto. Ainda, no pós-parto, foram coletadas dessas mulheres cerca de 2 mL de colostro para análise das concentrações de citocinas, fatotres de crescimento e quimiocinas através de imunoensaio multiplex. Resultados: Participaram do estudo 32 mulheres, sendo que 31,25% dessas mulheres apresentaram ganho de peso insuficiente, 37,5% tiveram ganho de peso adequado e 31,25% ganho de peso excessivo durante a gestação. A média e desvio padrão da idade das mulheres da amostra foi de 27,84 ±6,25 respectivamente.O grupo de mulheres com obesidade é o que consome menos alimentos in natura e mais ultraprocessados. Mulheres com alto consumo de ultraprocessados possuem menores concentrações de VEGF e FGF-basic, porém maior concentração de IL-10. As mulheres com maior consumo de alimentos in natura possuem maior concentração de IL-7. Em um estudo geral, observou-se que mulheres com maior consumo de ultraprocessados apresentam maior frequência de produção de citocinas inflamatórias e menor frequência das citocinas anti-inflamatórias e Th2. Conclusão: Nessa perspectiva, os dados obtidos no trabalho confirmam a idéia de que um alto consumo de alimentos ultraprocessados ocasiona mudanças nas concentrações de citocinas, de fatores de crescimento e de quimiocinas presentes no colostro humano.