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Boletim

Boletim PBO

Boletim PBO: acompanhe o que realmente importa do universo da obesidade

Boletim PBO
Edição nº 03/2021 #03

Boletim PBO

  1. Publicado em: 22 de set de 2021

  2. Período: De 03 a 16 de Setembro/2021

  3. Resenhas desta edição:
    1. Prevenção, diagnóstico e tratamento da obesidade

      Autores: Arieta Carla Gualandi Leal; Cíntia Pereira Donateli; Fernanda de Carvalho Vidigal; Gabriella Oliveira Ferreira; Letícia Soares de Freitas; Luciana Saraiva da Silva; Maíra Mendes Coelho; Mariana De Santis Filgueiras; Marina Rodrigues Barbosa; Túlio da Silva Junqueira

      Fonte: Universidade Federal de Viçosa

      Publicado em: 2021

      Tipo de arquivo: Relatório

    2. The prevalence and risk factors for overweight/obesity among Turkish children with neurodevelopmental disorders

      Fonte: Research in Developmental Disabilities

      Publicado em: 2021

      Tipo de arquivo: Artigo de periódico

    3. Prevalence and incidence of physical health conditions in people with intellectual disability a systematic review

      Autores: Peiwen Liao, Claire Vajdic, Julian Trollor, Simone Reppermund,Editor: Shahrad Taheri

      Fonte: PLOS ONE

      Publicado em: 2021

      Tipo de arquivo: Artigo de periódico

      Tipo de estudo: Revisão

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Prevenção, diagnóstico e tratamento da obesidade

Autores: Arieta Carla Gualandi Leal; Cíntia Pereira Donateli; Fernanda de Carvalho Vidigal; Gabriella Oliveira Ferreira; Letícia Soares de Freitas; Luciana Saraiva da Silva; Maíra Mendes Coelho; Mariana De Santis Filgueiras; Marina Rodrigues Barbosa; Túlio da Silva Junqueira
Fonte: Universidade Federal de Viçosa
Publicado em: 2021
Tipo de arquivo: Relatório
Link para o original

Por que o tema é relevante?

Nos últimos anos, a prevalência de obesidade tem crescido no Brasil devido, entre outras coisas, ao aumento de ambientes obesogênicos, isto é, locais onde há desestímulo à prática de atividade física e promoção do consumo de alimentos ultraprocessados. Não tem sido suficiente informar aos indivíduos sobre um estilo de vida saudável para reverter esse quadro. Além disso, é preciso cuidado na abordagem à pessoa com obesidade para evitar estigmas relacionados à imagem corporal e aos cuidados com sua saúde.

Qual é o objetivo do estudo?

Este é um documento produzido pela Rede de Enfrentamento da Obesidade em Minas Gerais (RENOB-MG) e compõe a coleção Enfrentamento da Obesidade no Sistema Único de Saúde (SUS): Estratégias para Profissionais de Saúde. Neste volume, são discutidas a prevenção da obesidade, as condutas para diagnóstico, as abordagens terapêuticas e o estigma da obesidade. 

Quais as principais conclusões?

A prevenção é compreendida como “o conjunto de ações que pretende evitar a doença em uma pessoa ou população, removendo fatores que podem causar tal desfecho, mediante proteção da saúde”. A partir dessa conceitualização, o documento deixa clara a importância da atuação interdisciplinar, tendo em sua base a Atenção Básica para, aos poucos, incorporar estratégias específicas dos demais níveis de prevenção. As ações em saúde não se limitam ao indivíduo com obesidade. É preciso o apoio familiar, a integração entre serviços de saúde e comunidade e a intersetorialidade entre as macropolíticas de saúde. 

Como apresentado acima, a prevenção ocorre em diferentes níveis (primário, secundário, terciário e quaternário). O nível primário deve ser direcionado a todos os indivíduos. Ela corresponde aos programas, instrumentos e ações de promoção da alimentação saudável e da prática de atividade física. São exemplos dessa ampla rede o Guia Alimentar para a População Brasileira, as equipes de Estratégia de Saúde da Família, Programa de Saúde na Escola e o Amamenta e Alimenta Brasil. À atenção primária, são complementados os demais níveis, evitando a ação fragmentada entre eles. Nesta pirâmide, a Atenção Ambulatorial Especializada e a Atenção Hospitalar exemplificam a atuação à nível secundário e terciário, respectivamente. 

O cuidado relacionado à obesidade deve estar presente em todas as fases da vida, desde a criança até o idoso. As particularidades de cada momento devem ser consideradas. Na fase adulta, a abordagem fica clara a partir do algoritmo das ações de prevenção na obesidade. Os autores especificam que:

  • a prevenção primária envolve um estilo de vida saudável, a ingestão adequada de água e a prática regular de atividade física. Participam dela todos os indivíduos, inclusive os sem excesso de peso;
  • a atenção secundária é necessária para aqueles que têm índice de massa corporal (IMC) acima de 25 kg/m². Além das ações a nível primário, é importante o acompanhamento nutricional individual, o apoio terapêutico e participação da pessoas em grupos de promoção à saúde;
  • o nível terciário ocorre a utilização de medicamentos e a cirurgia. Ele é voltado para as pessoas com obesidade diagnosticada. Na obesidade grau I (IMC > 30 kg/m²), mantém-se as ações já citadas na atenção primária e secundária e se acrescenta a monitorização com exames de rotina para verificar o surgimento ou agravamento de doenças associadas à obesidade. Na obesidade grau II (IMC > 35 k/m²), quando há presença de comorbidades, as complicações do excesso de peso podem ser maiores do que os risco da cirurgia bariátrica, portanto, ela pode ser indicada. O mesmo ocorre na obesidade grau III (IMC > 40 kg/m²).

O diagnóstico precoce da obesidade é fundamental para evitar a progressão da doença e surgimento de complicações de saúde e para reduzir os gastos governamentais. Nos últimos anos, tem crescido o número de procedimentos cirúrgicos. É importante lembrar que, além dos custos, as cirurgias bariátricas podem acarretar complicações no pós-operatório. Por isso, é fundamental o rastreamento precoce e adequado da obesidade. Para o diagnóstico, deve-se associar às medidas antropométricas, a utilização de indicadores clínicos, como os exames laboratoriais, a análise do consumo alimentar, o acompanhamento dos aspectos psicológicos da pessoas e a avaliação dos determinantes ambientais da obesidade.

O sucesso no tratamento do sobrepeso e obesidade está diretamente relacionada à atuação multiprofissional de profissionais capacitados, ao olhar humanizado e à formação biopsicossocial do indivíduo. Diferentes abordagens, baseadas em evidências, são discutidas pelos autores, dentre elas: o balanço energético negativo, o projeto terapêutico singular (PTS), a abordagem centrada na pessoa (ACP), o aconselhamento nutricional, a terapia cognitivo-comportamental, as intervenções baseadas em mindfulness e o comer intuitivo. Finalmente, eles apresentam uma análise crítica sobre as dietas da moda, que não se fundamentam na ciência, para promover a perda de peso.  

Embora o último capítulo do documento seja sobre o estigma da obesidade, ele traz uma abordagem positiva ao destacar o autocuidado, que é uma responsabilidade compartilhada tanto do indivíduo como do profissional de saúde, ou seja, este último deve ter em sua atuação a promoção do cuidado apoiado e a prática da compaixão.

The prevalence and risk factors for overweight/obesity among Turkish children with neurodevelopmental disorders

Fonte: Research in Developmental Disabilities
Publicado em: 2021
Tipo de arquivo: Artigo de periódico
Link para o original

Por que o tema é relevante?

A prevalência de obesidade é maior em pessoas com deficiências.  Intervenções educativas e o monitoramento do peso podem ser  benéficas para essa população. Essa abordagem só é possível  conhecendo as causas do ganho de peso, independente se em  adultos ou crianças com deficiência. Embora o trabalho tenha  sido realizado na Turquia, o tema é relevante independente do  seu país de origem. Os determinantes da obesidade em pessoas  com deficiência necessita de debate para o amplo cuidado à saúde  desses indivíduos.  

Qual é objetivo do estudo?

A pesquisa teve por finalidade determinar a prevalência de excesso de peso  em crianças com alterações no neurodesenvolvimento e os fatores que  contribuem para o sobrepeso e obesidade neste grupo.

Quais as principais conclusões?

Inicialmente, os autores levantaram aspectos relacionados ao excesso de peso em crianças com espectro autista, deficiência intelectual e transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). É possível destacar nos indivíduos com deficiência intelectual:

  • menor prática de atividade física devido às dificuldades no controle motor, nas habilidades sociais e no aprendizagem e à necessidade de supervisão;
  • uso de medicações psicotrópicas, que interferem no apetite;
  • modificações dos hábitos alimentares e estilo de vida;
  • problemas familiares; e,
  • presença de alterações genéticas que aumentam a suscetibilidade ao ganho de peso.

Por sua vez, no espectro autista, temos:

  • seletividade alimentar;
  • desafios no próprio momento de comer;
  • uso excessivo de mídias e diminuição das horas de exercício físico;
  • distúrbios do sono; e,
  • abordagens comportamentais clássicas para tratamento do autismo, como o ABA, que utilizam como uma forma de reforço positivo o próprio alimento.

No TDAH, as possíveis causas para o ganho de peso são:

  • dificuldade em manter a atenção e falta de planejamento das refeições que podem dificultar a aderência a uma alimentação regular;
  • inatenção da criança, o que pode limitar a percepção de sinais internos de fome e saciedade; e,
  • estilo de vida sedentário, que envolve várias horas de mídia.

O estudo investigou o nível de atividade física, o tempo gasto com mídias, o uso de alimentos como recompensa, as medidas antropométricas atuais e aspectos sociodemográficos. Os critérios para diagnóstico de obesidade seguiram as orientações da Organização Mundial de Saúde. Foram incluídas na pesquisa 267 crianças, sendo 96 com autismo, 80 com deficiência intelectual e 91 crianças com TDAH, com média de idade variando de  11 a 13 anos.

Dentre os aspectos investigados, foi possível concluir que:

  • a prevalência de excesso de peso foi maior no grupo com deficiência intelectual (40%) comparado com as crianças com autismo (36,4%) e com TDAH (27,5%). As crianças com TDAH apresentaram menores taxas de obesidade (17,6%);
  • a quantidade de horas de tela variou, em média, de 10 a 14 horas nos grupos analisados. Alcançou o valor máximo de 56 horas nas crianças com autismo e deficiência intelectual;
  • mais da metade das crianças praticava menos de uma hora de atividade física, fosse ela estruturada ou não. As crianças com deficiência intelectual tinham, em média, zero horas de exercício físico na semana. Valores mais elevados foram encontrados em crianças TDAH (cerca de 3 horas/semana). No autismo, a maior gravidade da doença levou a um menor tempo gasto com a atividade física. Nestas crianças, o aumento do nível de escolaridade dos pais foi um fator que contribuiu para a maior prática de exercícios;
  • uma em cada três crianças com autismo recebiam recompensas na forma de alimento pelo seus pais e professores, o que foi identificado como fator de risco para o excesso de peso. Este tipo de reforço alimentar era comum em 25,3% das crianças com TDAH e de 21,1% nas com deficiência intelectual; e
  • drogas psicotrópicas eram usadas por todas as crianças com TDAH,  especialmente os estimulantes. No grupo com deficiência intelectual, os antipsicóticos e anticonvulsivantes foram as classes de remédios mais utilizadas. Nas crianças com autismo, os antipsicóticos também se destacaram. Foi encontrada associação, embora fraca, entre o aumento do número de medicações utilizadas e maiores percentis de índice de massa corporal.

Em crianças com alterações no neurodesenvolvimento, a presença de obesidade é multicausal. Além das mudanças do estilo de vida, elas apresentam particularidades que se diferem da população em geral e, por isso, merecem atenção. Desconsiderar esses distintos aspectos é limitar os cuidados de saúde às pessoas com deficiências. 

Prevalence and incidence of physical health conditions in people with intellectual disability a systematic review

Autores: Peiwen Liao, Claire Vajdic, Julian Trollor, Simone Reppermund,Editor: Shahrad Taheri
Fonte: PLOS ONE
Publicado em: 2021
Tipo de arquivo: Artigo de periódico
Tipo de estudo: Revisão
Link para o original

Por que o tema é relevante?

No contexto das doenças associadas às pessoas com deficiência intelectual, pouco se sabe sobre a prevalência de obesidade. A ausência de dados sobre o excesso de peso em conjunto com outras barreiras relacionadas à própria deficiência podem limitar o cuidado à saúde desses indivíduos.

Qual é o objetivo do estudo?

Este estudo analisou a prevalência de alterações físicas, dentre elas a obesidade, em pessoas com algum tipo de deficiência, não se limitando a uma síndrome ou doença específica.

Quais as principais conclusões?

A metanálise sobre o tema identificou:

  • prevalência de excesso de peso de 3,9 a 34,8%;
  • grande variabilidade dos dados decorrente da inclusão de diferentes faixas etárias e gravidade das doenças. Por exemplo, a obesidade foi menos prevalente em adolescentes e adultos jovens do que em indivíduos mais velhos;
  • alterações físicas associadas a pessoas com deficiências foi semelhante no subgrupo de indivíduos com Síndrome de Down (SD). A obesidade esteve presente em cerca de 25,5 a 59,5% das pessoas com SD. Informações sobre outras síndromes genéticas foram limitadas;
  • doenças metabólicas como diabetes mellitus tipo I e II foi consistentemente mais prevalente em pessoas com deficiências. Dados do Reino Unido evidenciaram que o risco de doença coronariana foi 35 a 56% menor e de hipertensão arterial moderadamente reduzida  (de 7 a 28%) quando comparada com a população em geral desses países.

Os autores observaram que as alterações físicas com baixa prevalência, como doença coronariana e hipertensão arterial, devem ser interpretadas com cautela porque baseiam-se em registros de saúde e, por isso, podem subestimar a presença de morbidades. Em acréscimo, os dados do Reino Unido, local onde foram realizados a maioria dos estudos, não devem ser generalizadas para outras populações, uma vez que são provenientes, principalmente, de informações coletadas do nível de atenção primário e, portanto, podem não representar pessoas com deficiências moderadas atendidas a nível secundário ou terciário.

Apesar das limitações, a pesquisa nos alerta sobre a necessidade de reconhecer as comorbidades que pessoas com deficiências estão em risco, especialmente doenças evitáveis que levam a mortes prematuras, como a obesidade. Com o aumento da longevidade e as mudanças do estilo de vida da população, é possível que o padrão de doenças também se agrave em pessoas com deficiências. O levantamento de dados sobre esses indivíduos é imprescindível para aprimorar a assistência à saúde.