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Boletim

Boletim PBO

Boletim PBO: acompanhe o que realmente importa do universo da obesidade

Boletim PBO
Edição nº 16/2023 #48

Boletim PBO

  1. Publicado em: 15 de ago de 2023

  2. Período: De 27 de julho a 09 de agosto/2023

  3. Resenhas desta edição:
    1. Oxidative stress linking obesity and cancer: is obesity a ‘Radical Trigger’ to cancer?

      Autores: Mirna Jovanović, Sanja Kovačević, Jelena Brkljačić, Ana Djordjevic

      Fonte: International Journal of Molecular Sciences

      Publicado em: 2023

      Tipo de arquivo: Artigo de periódico

    2. Weight stigma experienced by patients with obesity in healthcare settings: A qualitative evidence synthesis

      Autores: Leona Ryan, Rory Coyne, Caroline Heary, Susie Birney, Michael Crotty, Rosie Dunne, Owen Conlan, Jane C. Walsh

      Fonte: Obesity Reviews

      Publicado em: 2023

      Tipo de arquivo: Artigo de periódico

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Destaques do período

Eventos

Publicações

  • A revista Obesity Reviews publicou uma série de artigos sobre o Projeto CO-CREATE, lançado em 2018. Um dos objetivos da iniciativa é incentivar a participação dos sujeitos das pesquisas desenvolvidas na área de saúde pública e obesidade na formulação de políticas públicas. Desde o início, o foco do projeto tem sido os adolescentes, reconhecendo que eles representam a próxima geração de adultos, pais e formuladores de políticas.

Fique de olho

Agenda do Painel Brasileiro da Obesidade:

Fique de olho em nosso canal do Youtube! 

Quintas-feiras, às 11h.

Oxidative stress linking obesity and cancer: is obesity a ‘Radical Trigger’ to cancer?

Autores: Mirna Jovanović, Sanja Kovačević, Jelena Brkljačić, Ana Djordjevic
Fonte: International Journal of Molecular Sciences
Publicado em: 2023
Tipo de arquivo: Artigo de periódico
Link para o original

Por que o tema é relevante?

Cânceres relacionados ao excesso de peso são considerados doenças não transmissíveis preveníveis. Dados estatísticos apontam que, devido à redução do tabagismo, na taxa atual, estima-se que até 2043, a obesidade irá superar o tabaco como a principal causa evitável de câncer em mulheres no Reino Unido.

Qual é o objetivo do artigo?

Compreender como o estresse oxidativo, decorrente das alterações metabólicas e moleculares causadas pelo consumo elevado de calorias e gorduras em pessoas com obesidade, contribui para o aparecimento e a evolução do câncer

Quais as principais conclusões?

A pesquisa revela uma complexa rede de interações entre a obesidade e o câncer. 

  • No início desse processo, o aumento do tecido adiposo não é adequadamente acompanhado pelo crescimento de vasos sanguíneos (angiogênese) para suprir suas necessidades, resultando na falta transitória de oxigênio em certas áreas do tecido.
  • Esse déficit de oxigenação provoca uma resposta inflamatória e o aumento na geração de espécies reativas de oxigênio (ERO), desequilibrando o sistema antioxidante. Esse processo é conhecido como estresse oxidativo.
  • Diferentes tipos de EROs podem desencadear vários mecanismos para ativar e manter a inflamação por si só, além de interferir na função das enzimas antioxidantes. 
  • A inflamação, o acúmulo de EROs e as proteínas danificadas pelos EROs podem comprometer a sinalização da insulina e levar à resistência insulínica.
  • Tanto o aumento da insulina quanto a sua resistência podem elevar os níveis do fator de crescimento denominado IGF-1, o qual tem sido associado aos cânceres, como de mama, pâncreas e colorretal. 
  • O aumento dos níveis circulantes de carboidratos, como a glicose, também pode levar a sua reação com proteínas, em um processo que, reconhecidamente, contribui para o surgimento de diferentes tipos de câncer.
  • O ciclo vicioso entre inflamação e estresse oxidativo no tecido adiposo, causado pela obesidade, pode ser a força motriz que inicia as alterações do tecido adiposo, criando um ambiente que potencializa o desenvolvimento e a propagação de tumores. 
  • O estresse oxidativo elevado pode, ainda, modificar a estrutura do DNA e dos lipídios das células, criando novas espécies reativas no processo. Os produtos da transformação dos lipídios, por sua vez, aumentam as chances de mutações do DNA

O estresse oxidativo pode ser um gatilho para a morte celular. As células danificadas passam por autodestruição como uma forma de controle de danos para limitar o possível efeito prejudicial das mutações nas células vizinhas e no organismo como um todo. Porém, nesse contexto, as células alteradas aumentam a produção de enzimas antioxidantes e modificam seu metabolismo para evitar sua destruição. Enquanto as células cancerosas evitam com sucesso a sua morte, elas mantêm os níveis de EROs relativamente altos, assim como o estresse oxidativo, contribuindo com novas mutações do DNA

Weight stigma experienced by patients with obesity in healthcare settings: A qualitative evidence synthesis

Autores: Leona Ryan, Rory Coyne, Caroline Heary, Susie Birney, Michael Crotty, Rosie Dunne, Owen Conlan, Jane C. Walsh
Fonte: Obesity Reviews
Publicado em: 2023
Tipo de arquivo: Artigo de periódico
Link para o original

Por que o tema é relevante?

A experiência do estigma do peso sob a perspectiva dos pacientes pode aumentar a conscientização sobre como ele se manifesta nas interações entre pacientes e prestadores de cuidados de saúde e, em última instância, inspirar mudanças na prestação de cuidados de saúde.

Qual é o objetivo do relatório?

Analisar o estigma relacionado ao peso vivenciado em ambientes de cuidados de saúde, sob a perspectiva de pacientes vivendo com obesidade.

Quais as principais conclusões?

Esta revisão da literatura identificou três temas principais a partir da experiência de pessoas com obesidade no ambiente de saúde. Os resultados relacionados a cada um desses aspectos mostram que:

  • O estigma do peso na comunicação verbal e não verbal nas interações entre pacientes e os profissionais da saúde se apresenta na forma da desvalorização da pessoa por meio do uso de linguagem pejorativa, como envergonhar e culpabilizar o indivíduo; comentários depreciativos; e um tratamento “de cima para baixo”. Essas situações levaram os pacientes a se sentirem desempoderados em relação aos próprios cuidados com a saúde. Além disso, táticas de medo impactaram negativamente o estado psicológico da pessoa, tendo efeito contrário ao esperado pelo profissional de saúde. O estigma também foi percebido na comunicação não verbal de repulsa, desprezo e uma demonstrada falta de vontade em tocar os pacientes. Por outro lado, alguns participantes descreveram interações positivas principalmente na atenção terciária, onde eles foram tratados com respeito e suas preocupações foram ouvidas; 

 

“Basicamente, eu recebia uma palestra toda vez que eu ia. Eles faziam julgamentos sobre o que eu comia, sobre o quanto eu me exercitava. Eles nunca me perguntavam; eles apenas diziam coisas como ‘Não beba refrigerante’, o que eu não faço, e ‘Não coma barras de chocolate’, o que também não faço” (relato adaptado de RYAN et al., 2023).

 

  • A percepção do paciente sobre como o estigma do peso afeta a prestação dos cuidados em saúde. Neste contexto, as pessoas se sentiam invisíveis, os procedimentos médicos eram recusados ou realizados baseados no índice de massa corporal e as decisões eram tomadas sem o consentimento do indivíduo;

 

“‘Sabe, você vai lá, estou com dor de cabeça.’ ‘É porque você está gordo.’ ‘Meus dedos do pé doem.’ ‘É porque você está gordo.’” (relato adaptado de RYAN et al., 2023). 

 

  • As barreiras sistêmicas percebidas pelos pacientes com obesidade ao tentar utilizar os sistemas de saúde, evidenciada pela falta de equidade na prestação de serviços médicos e nos equipamentos disponíveis, acompanhamento clínico deficiente, pouco apoio para pessoas que passaram por cirurgia bariátrica e orientações de saúde simplistas que minimizavam a complexidade da obesidade.

 

“Eu não quero nenhum tratamento excepcional; deveria ser simplesmente o caso de que, se você é um paciente, pode ter acesso aos cuidados de que precisa” (relato adaptado de RYAN et al., 2023).