Paulla Ferraz, 28, conviveu por anos com a obesidade. Ela chegou a pesar mais de 100 quilos antes de optar pela cirurgia bariátrica. O procedimento foi realizado em outubro de 2023. Porém, essa decisão não surgiu de forma repentina. Foi resultado de um processo que incluiu preparo psicológico, nutricional e acompanhamento multidisciplinar.

“É uma decisão que não surge do dia para a noite e exige uma preparação psicológica e nutricional. Precisamos ter um acompanhamento multidisciplinar para enfrentar esse desafio. Encaramos nossos monstros”, disse.

Nesse sentido, a realidade de Paulla é semelhante à de muitos brasileiros. O Brasil é hoje o segundo país que mais realiza esse tipo de cirurgia no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Em 2022, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), foram realizados mais de 70 mil procedimentos.

LEIA MAIS: O que é preciso saber antes de realizar a cirurgia bariátrica?

Impactos da obesidade na vida cotidiana

O relato de Paulla também mostra como a obesidade pode impactar diferentes dimensões da vida. Após o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) do filho, em 2020, ela percebeu que a compulsão alimentar se agravou.

“Nós percebemos o quanto a compulsão alimentar e a obesidade conseguem descarrilar vários outros setores da nossa vida: nosso casamento, nossa vida profissional e acadêmica”, contou.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) projeta que até 2030 mais de 1 bilhão de pessoas viverão com obesidade. Isso reforça a necessidade de acompanhamento especializado e políticas públicas de prevenção.

Preparação e mudanças após a cirurgia bariátrica

A jornada de Paulla começou em 2021, quando buscou a cirurgia pelo convênio médico em São Paulo (SP). Por questões de carência do plano de saúde, só conseguiu avançar em 2023, já morando em Chapecó (SC). Lá, realizou a operação e teve o acompanhamento de uma clínica especializada, com apoio de nutricionista, fonoaudiólogo e psicólogo.

Assim, ela chegou mais preparada para a etapa cirúrgica. Mesmo assim, o período pós-operatório trouxe novos desafios. “Depois da primeira semana, o baque psicológico foi muito grande. Eu me perguntava porque fiz aquilo. Eu sonhava com comida, mas não sentia fome”.

O relato de Paulla mostra que a experiência com a cirurgia bariátrica envolve não só mudanças físicas, mas também desafios emocionais e de adaptação.

Resultados da cirurgia bariátrica e rotina no longo prazo

Apesar das dificuldades iniciais, Paulla afirma que os maiores ganhos não estão apenas no emagrecimento. “A maior recompensa não foi a perda de peso, mas os novos hábitos. Hoje, eu adoro treinar musculação. Eu acessei uma versão que sempre quis ser.”

Assim, a experiência mostra que a cirurgia bariátrica exige cuidados contínuos e disciplina. Ela envolve suplementação de vitaminas, acompanhamento médico e prática regular de atividade física. 

“Queria que as mulheres tivessem o poder de se reencontrar e ter novamente a autoestima. O importante é estar aberto a viver uma nova versão de nós mesmos”, acrescentou.

A experiência como inspiração

Ao compartilhar sua rotina nas redes sociais, Paulla percebeu que sua trajetória inspira outras pessoas. “Mesmo que as pessoas não passem pelo caminho da cirurgia bariátrica em si, elas se inspiram para movimentar o corpo e buscar saúde”, afirmou.

Dessa forma, a história de Paulla sintetiza a essência desse processo. A cirurgia bariátrica é um recurso médico importante. Porém, a transformação depende de novos hábitos e de uma relação mais saudável com o corpo e a alimentação.

“Você tem que saber o que você quer e mudar. Eu não queria morrer com esse problema aqui, queria ter longevidade e ver meu filho crescer. Eu quero vida”, concluiu.