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Acontece no PBO

Obesidade e sobrepeso geram gasto de R$ 1,5 bilhão no SUS

Eduardo Nilson, do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens/USP), analisa os custos sanitários e econômicos da obesidade

André Derviche Carvalho

21 de jul de 2022 (atualizado 7 de ago de 2022 às 17h20)

“Além de uma doença, a obesidade é também um fator de risco”, lembra o pesquisador Eduardo Nilson, do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens/USP). Isso significa que, fora os impactos diretos acarretados pelo excesso de gordura corporal, essa doença também agrava os riscos de doenças como diabetes tipo 2 e câncer. Com isso, os gastos com obesidade que os indivíduos e os sistemas de saúde têm para tratar desses problemas são potencializados.

Uma pesquisa coordenada pelo professor Leandro Rezende, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e que teve Nilson como pesquisador associado, mostrou que o valor gasto pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em 2019 para o cuidado do excesso de peso e da obesidade foi de R$ 1,5 bilhão. O número representa 22% do gasto anual direto com doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs) no Brasil. 

Nilson destaca que uma das vantagens desse estudo foi a possibilidade de desagregar os dados a nível estadual. Com isso, descobre-se que o Paraná foi o local com maior porcentagem de uso deste R$ 1,5 bilhão. Lá, o custo total foi de R$ 154,73 milhões. 

Aumento de gastos com a obesidade

Em live do Painel Brasileiro da Obesidade (PBO), o pesquisador do Nupens/USP apresentou outro levantamento de 2018 que complementa este cenário. Publicado na Revista Panamericana de Saúde Pública, um estudo que contou com a participação de Eduardo Nilson mostrou que os custos atribuíveis à obesidade, hipertensão e diabetes no SUS foram de R$ 1,4 bilhão naquele ano.

As possibilidades abertas por estudos como esses não são poucas. É a partir deles que a ciência ajuda na elaboração e implementação de políticas públicas voltadas ao cuidado da obesidade. Além disso, eles também colaboram na avaliação do custo-efetividade destas políticas. Isto é, medem o quanto as soluções ajudaram na resolução de determinado problema.

Cenário global

A preocupação com relação aos custos que a obesidade pode proporcionar, individual e coletivamente, não se restringe ao Brasil. Organizações internacionais como o Fórum Econômico Global, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) são só algumas que já desenvolveram trabalhos para nortear o políticas públicas no tema obesidade.

Um dos resultados geralmente apresentados é o de tendência global de crescimento dos custos totais atribuídos à obesidade e ao sobrepeso. Com isso, os gastos acabam por consumir ainda mais recursos do Produto Interno Bruto (PIB) dos países mais afetados por esse problema. “[As pesquisas] Mostram a carga da doença em termos epidemiológicos, mas também os custos que vêm para a economia e sistemas de saúde”, afirma Nilson, lembrando também do impacto humano, representado pelo aumento de mortes preveníveis por obesidade.

Metodologia dos estudos de gastos com a obesidade

Quando especialistas analisam os custos atribuídos a determinados cenários epidemiológicos (como aconteceu com o tabagismo e com o excesso de sódio), eles consideram não só os custos diretos (gastos de sistemas de saúde com o tratamento), mas também indiretos. Nesse último caso, Nilson se refere ao trabalho e à produtividade de indivíduos que sofrem com esses problemas. Em outras palavras: quadros de obesidade, tendo ou não um desfecho em óbito, podem resultar na atenuação do trabalho produtivo do paciente e, consequentemente, em impactos negativos no PIB.

Com isso, outros aspectos entram na conta do quanto o aumento do IMC da população influencia na economia do país por meio do PIB. Entre eles, podem ser citados fatores como redução de renda, queda de produtividade e aumento de gastos com políticas públicas. Nesse cenário, a base para esses levantamentos é composta por dados públicos e plataformas ligadas a sistemas de saúde, o que faz Nilson ressaltar a importância da transparência em sistemas de saúde.

Falta de dados sobre a obesidade

Na sua apresentação, o pesquisador também comentou os obstáculos que pesquisas de análises de custo ainda enfrentam: “Nenhum modelo é perfeito, temos que reconhecer isso. Estamos sempre subestimando os dados, porque não descobrimos uma metodologia para a Atenção Primária”. Nesse último caso, é preciso lembrar que a Atenção Primária, que é o primeiro nível de atenção em saúde e se caracteriza por um conjunto de ações de no âmbito individual e coletivo, não trabalha com CID (um código de classificação internacional de doenças). Nilson também comentou que gastos pessoais com saúde e os gastos da rede privada também enfrentam obstáculos para entrar nas pesquisas citadas em sua apresentação, o que justifica o fato de os dados estarem potencialmente subestimados.

Em um cenário multifacetado como o da obesidade, é também importante clarear os rumos das políticas públicas. Um estudo apresentado no 11º Congresso Brasileiro de Epidemiologia, ocorrido em 2021, mostrou que, se a atual taxa de aumento do excesso de peso se mantiver até 2030, haverá, quase 2 milhões de novos casos de DCNTs e mais de 400 mil mortes em decorrência desse problema. “Isso mostra ainda mais essa prioridade que é para a questão do excesso de peso e da obesidade”, conclui Nilson.