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Acontece no PBO

Especialista critica Ensino a Distância em cursos de Nutrição

Vanille Pessoa, professora e pesquisadora da UFCG, aponta que formação profissional via EaD não favorece o cuidado da obesidade

André Derviche Carvalho

1 de ago de 2022 (atualizado 7 de ago de 2022 às 17h20)

A portaria de número 2.117, de 2019, estabelece que no máximo 40% da grade horária de cursos de Instituições de Ensino Superior (IES) podem ser ofertado via Ensino a Distância (EaD). A normativa é da Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior (ABMES) e só não se aplica aos cursos de Medicina. Porém, ainda na área da Saúde, especialistas indicam que um curso de Nutrição, por exemplo, não poderia ter 40% de sua carga horária feita a distância.

Quem defende isso é Vanille Pessoa, professora e pesquisadora da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). Ela indica que essa porcentagem seria excessiva para o profissional que se forma em Nutrição. “Na Saúde, precisamos encontrar as pessoas e criar vínculos Precisamos de integração”, afirmou em live do Painel Brasileiro da Obesidade (PBO), dia 17 de março de 2022.

De acordo com o Ministério da Educação (MEC), existem no Brasil 828 cursos presenciais de Nutrição, sendo 74 em instituições públicas e 754 em privadas. Com relação à oferta da modalidade EaD, essa encontra-se presente em 112 IES em mais de 4 mil polos, ou seja, lugares credenciados pelo MEC para oferecer desenvolvimento descentralizado.

Vanille ressalta que priorizar o Ensino a Distância não é o melhor caminho, principalmente quando se trata de cursos da área da Saúde. Vale lembrar que são eles os responsáveis por formar os profissionais que enfrentam problemas de saúde pública. No caso da obesidade, que dobrou entre 2002 e 2019 no Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o ideal é ter uma formação profissional aprofundada. Falando mais especificamente, essa formação deve contemplar o tema em disciplinas variadas dentro da grade curricular. “Que tal a gente fazer a obesidade ser transversal na nossa formação já que é algo que está tão presente [na sociedade]?”, reflete.

A Diretriz Nacional Curricular (DCN) dos cursos de Nutrição no Brasil data de 2001. O seu artigo 5º estabelece que “a formação do nutricionista deve contemplar as necessidades sociais da saúde, com ênfase no Sistema Único de Saúde (SUS)”. Assim, como boas ferramentas para se melhorar a qualidade da formação profissional em Saúde no Brasil, Vanille aponta para a existência de disciplinas práticas e o cumprimento de estágios.