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‘Não há como produzir cuidado estigmatizando uma pessoa’, diz nutricionista

Doutoranda pela Faculdade de Saúde Pública da USP mostra como profissionais de saúde podem combater estigmas do peso no cuidado da obesidade

André Derviche Carvalho

24 de nov de 2025 (atualizado 24 de nov de 2025 às 12h31)

Situações de constrangimento e discriminação contra pessoas com obesidade ainda ocorrem em serviços de saúde. Falta de equipamentos adequados, descrédito nas queixas e julgamentos baseados no corpo prejudicam o atendimento e afastam pacientes do cuidado. Esses episódios mostram que o estigma do peso continua presente mesmo em locais de cuidado.

A nutricionista Luana Cordeiro, doutoranda na Faculdade de Saúde Pública da USP e integrante do Grupo de Pesquisa em Alimentação, Corporalidades e Cultura (GPAC/USP), estuda como essas atitudes surgem e de que forma podem mudar.

Ela entende o estigma do peso como uma questão estrutural, que aparece em discursos, práticas e na formação dos profissionais de saúde. Para ela, enfrentar o problema exige rever o modo de ensinar e de cuidar.

Em participação em live do PBO, Luana explica como construir práticas anti-estigmatizantes, comenta a importância das universidades na formação de profissionais mais conscientes e sugere caminhos para reconhecer e desconstruir preconceitos.

“Não há como produzir cuidado estigmatizando uma pessoa. As pesquisas indicam que pessoas com sobrepeso e obesidade são submetidas a diversas formas de violência, em diversos espaços, inclusive por profissionais de saúde”, ela diz.

A pesquisadora também destaca o papel dos movimentos sociais e do ativismo gordo na promoção de um cuidado mais humano e diverso.

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Como nutricionistas e demais profissionais de saúde podem construir uma prática anti-estigmatizante?

Além do compromisso ético e social, o ponto central é compreender que aquele sujeito é muito diverso e ocupa várias posições. Vemos muitas vezes uma desqualificação das queixas e necessidades que são absolutamente centradas no peso corporal.

O ponto central para começar com práticas anti-estigmatizantes é ter uma escuta ativa que venha de um processo de humanização. Isto é, trazer para o nível de consciência esses estigmas que nós carregamos e colocar sempre a pessoa que estamos cuidando no centro desse espaço. É preciso ir além de aspectos fisiopatológicos e chegar no contexto de vida.

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Como as graduações da área da saúde podem se transformar para incorporar mais debates sobre os corpos, interseccionalidades e estigma?

Alguns estudos que investigam as grades curriculares demonstram como elas estão pautadas em conteúdos muito mais alinhados a ciências biomédicas. Há muito pouco repertório de ciências sociais ou de outros tipos de estudos e abordagens que trabalham com essas questões.

É preciso inserir isso na grade curricular de formação básica, não só como disciplina optativa, que poucas pessoas terão acesso. Coordenadores, gestores e docentes devem ter esse compromisso ético e político.

A partir daí nós conseguimos construir profissionais com mais consciência de si mesmos a respeito desses temas e tecnicamente capacitados para o enfrentamento dessas questões.

Quais são as estratégias para ajudar o profissional a desconstruir seus próprios preconceitos?

As ferramentas mais interessantes são a escuta e a leitura. A principal ferramenta é a formação. Se eu quero entender a forma como o estigma do peso afeta pessoas com sobrepeso e obesidade, e eu sou uma pessoa magra, primeiramente tenho que ouvir pessoas com sobrepeso e obesidade. A formação é o princípio básico para se tornar um agente antiestigmatizante.

Quais exemplos de boas práticas você já viu lidando com esse tema?

Tem várias pessoas no Brasil e no mundo se dispondo a pesquisar, estudar e produzir propostas de formação e intervenção. Queria destacar os movimentos sociais e de ativismo, que tem uma visibilidade prejudicada.

Não cito nenhum nominalmente, mas tem muitos do ativismo gordo, que vêm trabalhando com propostas de enfrentamento muitos consistentes. Além disso, muitos profissionais de saúde se colocam como anti-estigmatizantes.