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Iniciativa une cuidado da obesidade com enfrentamento às desigualdades

Webinar “Obes(c)idades” do Instituto Cordial reflete intersecção sobre saúde, desigualdade social e desenvolvimento urbano

André Derviche Carvalho

5 de out de 2023 (atualizado 2 de set de 2024 às 20h14)

O Instituto Cordial promoveu mais uma iniciativa para aprofundar e fortalecer o cuidado da obesidade. Desta vez, a premissa é considerar os componentes sociais e as desigualdades que os permeiam para oferecer um cuidado mais efetivo da doença. Chamada de Obes(c)idades, a iniciativa nasce da intersecção entre saúde e desenvolvimento urbano.

“A obesidade é uma questão de saúde pública extremamente complexa e multifatorial. Não existe solução única nem simples, mas possível. Muitas dessas dificuldades se dão no ambiente urbano”, resume Conrado Carrasco, gerente de relações institucionais da Novo Nordisk em live do Instituto Cordial feita para apresentar o projeto.

O evento contou com a participação de especialistas em temas como saúde pública, planejamento urbano e desigualdades sociais. A ideia era refletir sobre como esses campos se conectam. “As desigualdades sociais e as desigualdades territoriais conversam. Elas aparecem dentro dos municípios e dos grandes centros urbanos”, diz Luis Fernando Meyer, diretor de operações do Instituto Cordial.

Meyer lembrou do caso da obesidade e como a prevalência desta doença se relaciona com as desigualdades do território urbano. Por exemplo, falar da cidade deve ser também falar do acesso à alimentação saudável e como esse acesso é maior em territórios centrais, de maior renda, em relação aos periféricos.

Tal discussão abre margem para os conceitos de desertos e pântanos alimentares. Enquanto o primeiro diz respeito a locais em que não há oferta de alimentos, o segundo complementa e se refere a locais em que a oferta de ultraprocessados é maior. Além disso, o cotidiano tomado pelo trabalho e pelos longos deslocamentos na cidade também afasta os cidadãos da alimentação saudável.

Meyer indica que o Plano de Aceleração da OMS (Organização Mundial da Saúde) deve considerar essas desigualdades territoriais. Outro aspecto sujeito a desigualdades é o acesso a espaços para prática de atividade física.

Sendo a atividade física um instrumento importante para a prevenção de DCNTs (Doenças Crônicas Não Transmissíveis), como a obesidade, Inácio Crochemore, professor da UFPel (Universidade Federal de Pelotas), indica como trabalhar com esses espaços de promoção. 

Para ele, além da maior oferta, é importante promover essas atividades de forma contextualizada: “Minha aposta tem sido no lazer. Trata-se de uma atividade física prazerosa, que envolve significados, dá conta de aspectos culturais e de diferenças socioculturais”, diz Crochemore.

Obesidades e desigualdades

Já a nutricionista Lorrany Rodrigues, analista de gestão em saúde na Atenção Primária à Saúde da Cassi (Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil), insere o componente racial no debate de saúde pública: “Obesidade não é igualitária, ela não impacta as pessoas de forma igual. Alguns marcadores sociais estão relacionados com a prevalência da obesidade”.

Em sua fala, Lorrany colocou gênero e renda como fatores condicionantes da obesidade, lembrando que a doença afeta principalmente mulheres. Considerando que a população negra está mais vulnerável do ponto de vista socioeconômico, ela também indica que, para esse grupo, há maior exposição à má alimentação.

No mesmo sentido, Mônica Guerra, que é doutoranda em Cidades e Culturas Urbanas na Universidade de Coimbra, ressalta o conceito de apartheid alimentar, segundo o qual o acesso à alimentação está atravessado por desigualdades sistêmicas de acesso a recursos, especialmente nas cidades.

“Essa segregação com bases sociológicas não é só sobre comida, mas sobre uma falta de acesso a infraestruturas, trabalho, educação e violência, que acabam repetindo a falta de acesso à alimentação”, analisa Mônica.

Como solução, Mônica aponta para a articulação intersetorial representada por políticas públicas de cuidado da obesidade que considerem saúde, educação, economia e assistência social.

Além disso, os participantes também entraram em consenso sobre o papel do trabalho em rede, isto é, como uma experiência desenvolvida a nível local pode ser referência para outras localidades. “Estamos falando de um cuidado intersetorial, onde a saúde sozinha não dá conta, mas a Atenção Primária é o que vai estar no território dessa população. A Atenção Primária precisa ser protagonista nessa intersetorialidade”, diz Lorrany.

Meyer, por sua vez, ressalta que os formuladores de políticas públicas devem estar cientes do aspecto multifatorial da obesidade e considerar isso no seu trabalho. Assim, políticas urbanas devem estar cada vez mais pautadas no cuidado da obesidade, combate à desigualdade e no acesso à alimentação de qualidade.