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Acontece no PBO

O acompanhamento psicológico após a cirurgia bariátrica

Glenda Cardoso conta experiência pessoal da importância do acompanhamento psicológico pós-cirurgia bariátrica

André Derviche Carvalho

1 de set de 2022 (atualizado 9 de jan de 2024 às 17h13)

Entre as etapas de tratamento da obesidade, a cirurgia bariátrica pode aparecer para os indivíduos com os casos mais graves. Dados da SBCBM (Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica) indicam que, em 2019, foram feitos 68.530 procedimentos desse tipo no Brasil. Aos pacientes já submetidos à bariátrica, fica claro que ela não é uma solução “milagrosa”. Com isso, especialistas reforçam a importância de se ter acompanhamento psicológico após sua realização.

A influenciadora Glenda Cardoso tinha 173 kg quando realizou a cirurgia bariátrica. Após conseguir eliminar 84 kg nos 14 meses posteriores ao procedimento, ela conclui que a cirurgia é, ao invés de uma solução definitiva, uma ferramenta para mudança de hábitos. Nesse processo, a ajuda psicológica aparece como aliado para que o paciente consiga se manter engajado na redução de peso.

Como missões principais, os psicólogos identificam fatores de risco que coloquem desafios ao pós-operatório, além de criar laços de confiança entre paciente e profissional de saúde. Nesse sentido, um dos resultados é a melhor adesão à nova rotina alimentar do paciente operado.

“É um trabalho de auto-observação, auto-avaliação e análise de todos os fatores que levaram e mantiveram a obesidade”, explica a psicóloga Michele Ferreira. Histórico familiar, relação com a comida e fontes de apoio são alguns aspectos envolvidos nesse processo psicológico.

Diretrizes do acompanhamento psicológico

Entre 2013 e 2014, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) elaborou um protocolo clínico em psicologia, cujo objetivo é orientar os profissionais desta área que atuam no segmento de cirurgia bariátrica. O documento é fruto de um consenso de 13 psicólogas da COESAS – Comissão das Especialidades Associadas, da SBCBM.

Assim, o material recomenda práticas como a realização de pelo menos três consultas com o psicólogo no pré-operatório. Além disso, os psicólogos responsáveis pelo acompanhamento devem ter embasamento técnico-científico consistente e atualizado em Psicologia, obesidade, transtornos alimentares e Cirurgia Bariátrica e Metabólica. Em live do PBO, a psicóloga Michele Pereira detalhou os métodos de avaliação. Confira aqui.

Como o objetivo dessa estrutura é contribuir para o êxito da cirurgia, é importante também garantir a adesão ao tratamento. “Adesão não é só o paciente seguir aquilo que é orientado. Existe toda uma relação de consciência e informação, claro, mas também de o paciente conseguir colocar em prática aquilo que foi orientado”, aponta Michele.

Ou seja, mais do que garantir que o paciente saiba o que fazer após o procedimento cirúrgico, profissionais buscam a execução. Isso se dá, por exemplo, pelo engajamento do paciente: “O nosso foco é a motivação das mudanças”, ressalta Michele. Além da resiliência, especialistas destacam o autocuidado, o suporte social e a autoeficácia como eixos que compõem o processo de adesão.

Além do laudo

A influenciadora Glenda Cardoso “não tinha muita intimidade com a academia” antes de realizar a cirurgia bariátrica. Além de aparecerem na rotina alimentar, as mudanças em sua vida também exigiram envolvimento na prática de atividades físicas. “O acompanhamento pós-bariátrica é fundamental. Eu tenho que adequar toda a minha vida toda a minha rotina nesse tratamento e tem vários desafios”, ela conta.

Neste cenário, o psicólogo pode se tornar um aliado para superar as dificuldades da nova vida pós-cirurgia. Michele ressalta, portanto, que o papel desse profissional vai além de indicar um laudo para a realização do procedimento: “Estamos aqui para ajudar o paciente a compreender essa complexidade da vida e a sua relação com a própria saúde”.