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Os pântanos alimentares e sua influência na obesidade infantil

O que são os pântanos alimentares nos entornos das escolas, que prejudicam a alimentação saudável de crianças e adolescentes.

Laura Toyama Cardoso de Souza

19 de jan de 2023 (atualizado 27 de ago de 2024 às 19h39)

Qual é a influência que os arredores de uma escola tem na alimentação das crianças que a frequentam? Em live do Painel Brasileiro da Obesidade, a nutricionista, mestre em ciências da saúde e doutoranda em saúde pública, Luana Lara Rocha, apresenta dados e pesquisas que discorrem sobre essa correlação. Para compreender melhor de que forma a obesidade e o sobrepeso infantil estão condicionadas por fatores também espaciais, a palestrante fala sobre a proximidade dos ambientes escolares com os chamados pântanos alimentares.

Os pântanos alimentares nada mais são do que áreas nas quais há grande concentração de estabelecimentos que comercializam alimentos, em sua maioria, não saudáveis. Fazem parte desse conjunto lanchonetes, restaurantes, mercados, máquinas de autosserviço, barracas de rua e até as cantinas da própria escola. Costumam comercializar, principalmente salgados fritos, industrializados, refrigerantes e ultraprocessados. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar, de 2019, cerca de 54,8% dos estudantes de escolas públicas no Brasil têm acesso a pontos de alimentação alternativos no entorno de onde estudam. Entre os estudantes de escolas particulares, são 39%.

“Os ambientes escolares são fundamentais para construir hábitos alimentares, porque é lá onde as crianças passam a maior parte do tempo”, explica Lara. De acordo com o senso 2021, crianças e adolescentes passam cerca de um terço do dia na escola, por aproximadamente 12 anos consecutivos. Por esse motivo, atraem comércios de alimentos, pois garantem a comercialização massiva e contínua de suas mercadorias. No entanto, durante a live, uma questão delicada foi abordada: a relação dos vendedores ambulantes com esse cenário de alimentação inadequada no ambiente escolar. Dependentes da venda para manter a renda, muitos também criam uma relação afetiva com o espaço e com as pessoas que o frequentam e, por esse motivo, Luana defende que haja uma regulamentação para melhorar suas condições de trabalho e investimento em capacitação para melhorar a qualidade dos alimentos que comercializam.

O GEPPAAS, grupo de pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), conduziu pesquisas de revisão sistemática para mapear trabalhos que abordem a relação da obesidade com os pântanos alimentares. Dos 31 artigos realizados, 14 apontavam associação direta entre proximidade e densidade de estabelecimentos não saudáveis e a doença. Além disso, outras revisões encontraram a relação entre a disponibilidade de alimentos saudáveis nas escolas e a redução das chances de obesidade. “As escolas são ambientes ideais para intervenções de prevenção e combate à obesidade”, comenta Lara, “Um ambiente escolar saudável incentiva não só as crianças, mas os pais e os profissionais da educação”.

Para reverter e melhorar esse cenário e dar atenção devida ao ambiente alimentar escolar, a palestrante sugere algumas medidas que podem ser aplicadas, baseando-se em pesquisas realizadas por ela e pelo projeto Comercialização de Alimentos em Escolas Brasileiras (Caeb), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Dentre elas estão: programação de educação alimentar com atividades práticas, restrição à comercialização de alimentos não saudáveis, restrição de publicidade e marketing nos entornos das escolas, intervenções multicomponentes, com a participação da família e capacitação de professores e funcionários.