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Prática de atividades físicas e promoção da saúde no ambiente urbano

Live discorre sobre de que forma o planejamento urbano de uma cidade interfere no acesso da população à prática de atividades ligadas à saúde.

Laura Toyama Cardoso de Souza

16 de fev de 2023 (atualizado 27 de ago de 2024 às 19h43)

A urbanização e a saúde pública são fatores indissociáveis, que se influenciam mutuamente. É sobre isso que o educador físico Alex Florindo, especialista em saúde pública e pós-doutorando em nutrição discorre na live do Painel Brasileiro da Obesidade. Alex traz evidências de como a prática de atividades físicas é diretamente proporcional aos bons indicadores de saúde da população de uma cidade, e sugere a aproximação dos setores da saúde e de planejamento urbano para o desenvolvimento de políticas públicas.

Questões urbanas e ambientais na promoção da saúde

Os impactos da prática de atividades físicas são benéficos para os moradores de cidades de diferentes portes. Essa afirmação já é respaldada por inúmeros dados e literatura científica sobre o tema ao longo dos anos, que serviram de base para o desenvolvimento de diretrizes de incentivo do próprio poder público. Alex apresenta como exemplo o Guia de Atividade Física para a População Brasileira, desenvolvido pelo Ministério da Saúde em 2021, que se propõe a trazer recomendações voltadas a diferentes faixas etárias, para que se atinja melhor qualidade de vida e promoção da saúde nas cidades brasileiras.

No entanto, também são muitos os elementos de uma cidade que podem prejudicar a saúde de seus habitantes, tal qual a violência, a poluição sonora e do ar, acidentes de trânsito, falta de saneamento básico e dificuldades de locomoção. Essas questões estão entre os principais motivos de adoecimento precoce de grande grupo de pessoas.

A cidade de São Paulo, utilizada como objeto de análise na discussão, nasceu de um crescimento desordenado e massivo, que não se apegou a nenhuma forma de planejamento que priorizasse a elementos fundamentais para uma vida digna dentro de território. O educador físico ressalta o asfaltamento e a priorização do transporte individual, em detrimento do coletivo, como uma dessas falhas de planejamento, com impacto direto e nocivo para quem vive na capital. De acordo com pesquisa realizada pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) na cidade, em 2018, há uma proporção de 7,4 automóveis para cada 10 habitantes.

Além disso, também se observam severos problemas ambientais na constituição da cidade. O asfaltamento acentuado de margens de córregos e rios, o desmatamento de áreas verdes, a liberação excessiva de gases poluentes no ar e outras questões são fatores que configuram grande risco para a saúde coletiva. “Nós deixamos nossa cidade doente e desigual”, comenta Alex.

Planejamento urbano e parceria intersetorial

As desigualdades ambientais são gritantes, e o ambiente é um indicador de saúde. Por esse motivo, essas questões devem ser tratadas pelo poder público. Com a finalidade de combater essa desigualdade que se observa, Alex sugere que o Plano Diretor das cidades inclua propostas para promover a prática de atividades físicas e melhorias na saúde coletiva. Na capital paulista, o último publicado é do ano de 2014, que passa por revisões periódicas, e pretende abranger os objetivos de melhoria da cidade até 2029. Nesse sentido, ele pode se demonstrar uma medida muito efetiva na resolução de zoneamento, mobilidade, poluição e desigualdades no geral.

O educador físico também aponta que é possível desenvolver outros projetos, oriundos do Plano Diretor, que dizem respeito à qualidade de vida da população. O Plano Municipal de Mobilidade Urbana e o Estatuto do Pedestre, por exemplo, são ramificações de um planejamento voltado para mudar o enfoque do transporte na capital. O transporte nas cidades está ligado à inclusão e à saúde, um planejamento estratégico resulta em melhores indicadores de saúde pública: prática de atividades físicas de lazer em ambientes propícios e atividades ligadas à locomoção como bicicleta, caminhada e corrida.

A mudança de transporte é uma cultura que muda de forma gradativa. No início é necessário que se introduza políticas que promovam meios alternativos de locomoção, como as bicicletas. Seu uso está associado à atividade física de lazer, portanto é preciso criar políticas para que se associe cada vez mais ao transporte e deslocamento também. “Quem pratica mais atividade física no lazer tem mais proteção contra a obesidade, depressão e outras doenças crônicas”, comenta Alex, “Pessoas ativas nesses domínios estão mais protegidas contra essas questões, que infelizmente vem aumentando na cidade”.

A introdução de ciclofaixas nas vias públicas foi um grande avanço nesse quesito, que contemplou a necessidade de garantia e ampliação dos espaços de lazer e prática esportiva em São Paulo. No entanto, sua implementação ocorreu de forma desproporcional, muito centralizado e excluindo regiões periféricas, onde as pessoas mais necessitam do acesso a equipamentos que promovem a saúde.

Por isso, é preciso ir além de discutir saúde através da “caminhabilidade”, do ambiente favorável para bicicleta e da localização de academias ao ar livre, por exemplo. É possível fazer melhorias estabelecendo uma parceria entre setores de planejamento urbano e da saúde. A Secretaria Municipal de Saúde deve discutir questões territoriais e de que forma o acesso aos seus aparelhos acontece nas diferentes regiões que compõem o município. “Essas questões são importantes para a saúde não só das pessoas mas das cidades”, finaliza Alex.