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Pressão alta em crianças e adolescentes exige cuidado redobrado

Casos de hipertensão arterial em crianças e adolescentes é maior em indivíduos com obesidade

André Derviche Carvalho

28 de out de 2024 (atualizado 28 de out de 2024 às 18h16)

A obesidade é um dos fatores de risco para o desenvolvimento de hipertensão em adultos. No entanto, os crescentes índices de obesidade em crianças e adolescentes desperta sinais de alerta para quadros de pressão alta nesse público. Para especialistas, o melhor caminho é a promoção de atividade física nos primeiros anos de vida, evitando o surgimento do sobrepeso e da hipertensão.

A pressão arterial pode ser definida como a força que o sangue faz na parede das artérias. Sem pressão suficiente, o sangue não circula. Porém, o que ocorre é que por fatores diversos, como alimentação irregular ou fumo, por exemplo, essa pressão pode se elevar, possivelmente acarretando em infarto. Por isso, especialistas recomendam uma recorrência no aferimento da pressão arterial.

Quando se trata de crianças e adolescentes, surgem alguns desafios. Primeiramente, a pressão arterial nesse grupo oscila mais em comparação à de um adulto. Isso porque o valor da pressão varia de acordo com sexo, idade e estatura. Além disso, o manguito de aferição deve estar adequado ao tamanho da criança, devendo cobrir de 40% a 50% do braço.

Outra recomendação é que o profissional de saúde faça pelo menos três aferições de pressão a cada dois minutos para não restar dúvidas quanto ao valor.

Obesidade e pressão alta em crianças e adolescentes

Predisposições genéticas, obesidade, sedentarismo e consumo excessivo de sal estão entre os fatores de risco para o desenvolvimento de pressão alta. No caso de crianças e adolescentes, o que se vê muito é a hipertensão arterial secundária, ou seja, aquela decorrente de um fator causal conhecido.

Algumas podem ser as causas de hipertensão secundária:

  • Doenças renais;
  • Doenças arteriais;
  • Doenças de glândulas endócrinas;
  • Tumores;
  • Medicamentos.

O doutor José Geraldo Mill, da Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo), explica que “a obesidade na infância e adolescência é a maior causa de associação com hipertensão”. Isso porque a obesidade é uma doença inflamatória crônica. Com ela, o tecido adiposo visceral produz moléculas inflamatórias que acabam por elevar a pressão arterial.

Com base em dados do Erica (Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes), um estudo publicado na Revista de Saúde Pública apontou que a fração de hipertensão arterial atribuível à obesidade foi de 17,8%. Além disso, adolescentes com obesidade tiveram prevalência de hipertensão arterial mais elevada, 28,4%, do que aqueles com sobrepeso, 15,4%, ou eutróficos, 6,3%.

“Nem toda criança com obesidade é hipertensa, mas uma criança com obesidade tem risco maior para hipertensão. Por isso que a vigilância de pressão arterial precisa ser mais intensa nas crianças que têm obesidade”, diz o doutor José Geraldo Mill. Ele recomenda medir a pressão uma vez ao ano a partir dos três anos de idade.

Cuidado da pressão alta

Com isso, a recomendação é que haja a prevenção e o controle do sobrepeso em crianças e adolescentes. Nesse sentido, a escola ocupa um papel importante, pois é lá que a criança terá contato com a atividade física na forma de brincadeiras estimulantes.

“Precisamos inventar atrativos para as crianças se movimentarem mais. A criança tem que fazer atividade física para perder peso”, diz o doutor José Geral Mill, da Ufes

O objetivo é evitar complicações causadas pela pressão alta em crianças e adolescentes. Elas incluem predisposição para hipertensão na vida adulta, doenças endócrinas, lesões vasculares precoces e risco de infarto. “Para tratar a hipertensão, precisamos cuidar primeiro de impedir que as crianças tenham obesidade e aquelas que têm obesidade e adotar atitudes que levem à redução da obesidade. Com isso, você reduz os valores da pressão e os impactos da doença”.