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Atlas da Obesidade: Brasil terá aumento de casos e sobrecarga no sistema

Dados do Atlas da Obesidade de 2024 projetam crescimento nos casos de obesidade, o que sobrecarregará sistema de saúde

André Derviche Carvalho

5 de mar de 2024 (atualizado 5 de mar de 2024 às 12h37)

O mais novo Atlas Mundial da Obesidade, produzido pela Federação Mundial de Obesidade e traduzido pelo Instituto Cordial / Painel Brasileiro da Obesidade (PBO), apontou que 3,3 bilhões de pessoas no mundo enfrentarão sobrepeso e obesidade até 2035. O relatório indica que 54% dos adultos terão essa condição. Entre jovens, a porcentagem vai para 39%.

A edição deste ano do Atlas e do Dia Mundial da Obesidade alertou para a centralidade do sobrepeso e da obesidade no agravo de DCNTs. Para se ter uma ideia, das 41 milhões de mortes anuais atribuídas a essas doenças, 5 milhões são impulsionadas pelo IMC elevado. Dessas, destacam-se aquelas causadas por diabetes, Acidente Vascular Cerebral (AVC), doença coronariana e câncer. A maior parte dessas mortes concentram-se em países em desenvolvimento.

“As medidas implementadas globalmente vêm sendo tímidas para conter o aumento do sobrepeso e da obesidade. Os indicadores permanecem muito ruins. No Brasil, enquanto não promovermos políticas mais robustas e abrangentes para fomentar a promoção de vida saudável, lidando da prevenção ao tratamento da obesidade, seguiremos aumentando os números de outras doenças associadas. Para além da perda de qualidade de vida, a pressão no sistema público de saúde e na saúde suplementar tendem a ser insustentáveis no médio prazo”, ressalta Luis Fernando Villaça Meyer, diretor de operações do Instituto Cordial.

A obesidade no Brasil

Segundo previsões da Federação Mundial de Obesidade, os custos que a obesidade trará ao sistema de saúde no Brasil devem aumentar. Se em 2019, a porcentagem dos gastos sobre o Produto Interno Bruto (PIB) estava na faixa de 1% a 2%, em 2060, o custo econômico deve ultrapassar 4%.

“O Atlas mostra que a prevalência e a tendência nacionais de aumento da obesidade não são bons, mas o Brasil tem a chance de dar um ótimo exemplo. Com recursos como o SUS e o Guia Alimentar Para a População Brasileira e sendo selecionado pela OMS como um dos países prioritários para implantação de suas recomendações para o manejo da obesidade em 2022, o país tem tudo para conter o aumento da prevalência. É preciso implantar estas recomendações, ampliando e criando políticas nacionais para promover a vida saudável, prevenir a obesidade e garantir o cuidado contínuo, abrangente, multiprofissional, não estigmatizado e ao longo da vida das pessoas já acometidas por ela. Sendo a obesidade uma doença complexa e multifatorial, é preciso o envolvimento e engajamento de diversos atores públicos e privados para que isso ocorra”, diz Meyer.

O aumento do sobrepeso e da obesidade no Brasil se dará principalmente entre os adultos. Enquanto em 2020 os casos estavam em cerca de 100 milhões de pessoas, em 2035, esse número estará próximo de 140 milhões.

Obesidade infantil

Apesar disso, mundialmente, a obesidade infantil traz preocupações. Nesse sentido, o Atlas de 2024 destacou os níveis crescentes. Com mais de 750 milhões de jovens entre 5 e 19 anos sofrendo com sobrepeso e obesidade até 2035, a tendência aponta para o desenvolvimento cada vez mais precoce de DCNTs.

Em 2035, estima-se que 68 milhões de crianças estarão sofrendo de pressão arterial alta devido ao seu IMC elevado. Além disso, cerca de 27 milhões estarão vivendo com hiperglicemia devido ao seu IMC elevado, e 76 milhões terão baixos níveis de colesterol HDL devido ao seu IMC elevado. Assim, milhões de crianças chegarão à fase adulta propensas a AVC, diabetes e doenças cardíacas.

Apesar de alguns esforços, fragmentados, para lidar com a prevalência da obesidade e sem ações coordenadas, as taxas de obesidade continuarão a aumentar. Cada vez mais pessoas morrerão prematuramente de obesidade ou de uma das doenças atribuíveis.

Segundo Meyer, “a obesidade não é uma questão desconhecida. Mas as ações são pontuais e focadas no comportamento, individualizando a responsabilidade. Uma ação coordenada, que congregue a saúde, a educação e também a infraestrutura urbana, dando centralidade à obesidade nas mortes evitáveis por DCNTs, é fundamental para brecar o aumento da prevalência”.

Um problema global

Os resultados do Atlas da Obesidade de 2024 confirmam a associação entre maior PIB per capita e maior prevalência de IMC elevado (principal indicador de sobrepeso e obesidade) entre adultos e crianças. Mostram também uma correlação positiva entre o crescimento anualizado do PIB per capita e o aumento anualizado da prevalência de IMC elevado, tanto para adultos como para crianças.

Meyer destaca que “essa alta correlação entre PIB per capita e altas taxas de IMC demonstra que renda maior não é sinônimo de saúde melhor da população. Mesmo com recursos, o ambiente, a regulação, as políticas públicas e os modos de vida de muitos países de alta renda ainda mantêm altas taxas de sedentarismo e má alimentação, não promovendo vidas saudáveis, aumentando as taxas de sobrepeso, obesidade e de outras doenças associadas”.

Até 2035, 70% da população adulta de países de renda alta terão sobrepeso e obesidade. Entre países de renda média-alta, esse número é de 61%. Os dados mostram como o IMC elevado está ligado à crescente crise ambiental enfrentada pelo globo, com emissões de gases de efeito estufa, urbanização, resíduos plásticos, falta de atividade física e consumo de produtos de origem animal.

Todos esses fatores desempenham um papel na criação de ambientes pouco saudáveis que contribuem para a obesidade. Esse processo se dá pela utilização de processos industriais mecanizados, práticas de trabalho sedentárias, utilização de transporte motorizado e menor necessidade e oportunidade de transporte ativo e recreação ativa.

 

Para ter acesso ao Atlas Mundial da Obesidade traduzido para português, clique aqui.