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Acontece no PBO

Instituto Cordial e PBO têm semana de interlocução global em Nova York

Painel Brasileiro da Obesidade compareceu a agenda de eventos na ONU, em Nova York, com debates sobre a saúde global e cuidado da obesidade

André Derviche Carvalho

22 de set de 2023 (atualizado 26 de set de 2023 às 18h43)

Reunião geral da ONU (Organização das Nações Unidas), em Nova York

Luis Fernando Meyer, diretor de operações do Instituto Cordial, representou o PBO na busca por soluções globais da obesidade

Cumprindo o papel de articulação em prol das causas relacionadas à obesidade, o PBO (Painel Brasileiro da Obesidade), iniciativa realizada pelo Instituto Cordial, foi até Nova York, nos Estados Unidos, na missão de fortalecer redes e contatos pelo cuidado da obesidade. Os encontros se iniciaram no dia 17 e vão até o dia 22. Na agenda, estão compromissos com autoridades internacionais relevantes no enfrentamento à obesidade.

No dia 17, o diretor de operações do Instituto Cordial, Luis Fernando Meyer, participou do Walk the Talk: o desafio da saúde para todos. O evento foi promovido pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e pela prefeitura de Nova York e serviu como pontapé inicial para a 78ª Sessão da Assembleia Geral da ONU,.

Com a participação de delegados da ONU, autoridades de Estado e de Organismos Multilaterais, atletas e da comunidade nova iorquina, o Walk the talk foi um momento de trocas em celebração a um estilo de vida saudável. O trajeto foi de 6,4 quilômetros e se deu nos arredores do Central Park. Na ocasião, o Instituto Cordial e PBO marcaram a presença brasileira junto à WOF (Federação Mundial da Obesidade, em inglês).

Fórum Global da Obesidade

Mais tarde, o Instituto Cordial e PBO estiveram no Fórum Global da Obesidade, organizado pela WOF. O debate foi sobre o financiamento da agenda da obesidade no mundo. Estiveram presentes também autoridades da Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) e do Banco Mundial. Os objetivos foram ampliar a rede de contatos internacionais, conhecer financiadores de projetos e se colocar como ponto focal no Brasil.

“As DCNTs são a maior causa de mortes prematuras, mas o financiamento para seus cuidados é inversamente proporcional a isso. A obesidade, então, tem pouquíssimo recurso direcionado, no Brasil e no Mundo. O Fórum levantou essa preocupação e aproximou pessoas e organizações dispostas a atuar para equilibrar esse cenário”.

No evento, Meyer conversou com Fábio da Silva Gomes, da OPAS, sobre a necessidade da participação da sociedade civil no planejamento do plano de aceleração brasileiro para a redução da obesidade, proposto pela OMS e coordenado pela OPAS no continente. Também aproveitou a presença da Secretaria de Vigilância Sanitária e Ambiente (SVSA) do Ministério da Saúde brasileiro para reforçar a necessidade de que a obesidade seja olhada como doença crônica nos inquéritos nacionais previstos para 2024, como a PNS e o ENANI.

Diretor de operações do Instituto Cordial, Luis Fernando Meyer, com o letreiro da UNGA, a Assembleia Geral da ONU

“A forma como as questões são colocadas acabam responsabilizando unicamente o indivíduo e tratando a obesidade como uma questão comportamental, e não na ótica da Saúde Pública, e temos a oportunidade de modificar isso”, ressaltou o Diretor.

No dia 20, a ONU Nutrição promoveu o Food Day, atividade que contou com a participação da diretora Promoção da Alimentação Adequada e Saudável no Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Patrícia Gentil. Na semana anterior ela havia participado da live do PBO, onde adiantou as políticas do MDS sobre alimentação saudável nas cidades. O Food Day pode ser conferido aqui.

Fortalecendo o Advocacy

Mais tarde, o Instituto Cordial e PBO participaram do evento “Advocacy para impactar disparidades na saúde”, promovido pela GHAI (Incubadora de Advocacy pela Saúde Global em inglês), que é um braço da Fundação Bloomberg para alimentação. O evento foi apresentado por Yolanda Richardson, presidente da GHAI, que defendeu a promoção da saúde pela via das políticas públicas.

O evento também contou com falas de Saber Choudhury, primeiro-ministro de Bangladesh, e do doutor Tom Frieden, ex-secretário de saúde de Nova York. Como ex-autoridade pública, o doutor Frieden falou sobre a importância de a sociedade civil atuar em ações de advocacy para promover e reforçar políticas públicas de saúde. O evento também contou com autoridades da Nigéria e Argentina.

Obesidade infantil

No mesmo dia, foi realizado um evento sobre prevenção da obesidade infantil fruto de colaboração entre o Unicef e a Novo Nordisk. A iniciativa explorou as agendas interconectadas da obesidade infantil e do clima, e o potencial de políticas para prevenir a obesidade infantil e a degradação ambiental pelos sistemas alimentares. O evento levantou como as cidades podem apoiar a realização das metas globais de nutrição e saúde colocando as crianças no centro.

“Há um grande e crescente número de crianças com obesidade no mundo. E o cuidado tem que ser mais amplo do que uma mudança pontual dos hábitos alimentares. Ele deve alcançar os ambientes nos quais elas estão inseridas, as escolas, as ruas, os parques, em uma leitura mais abrangente do contexto deste crescimento. No Brasil é o que o Instituto Cordial, por meio do PBO, vem buscando atingir, em um modelo que permita a intersetorialidade”, relata Luis Fernando Meyer.

Instituto Cordial e PBO na ONU

Por fim, na quinta-feira, o Instituto Cordial e PBO estiveram na Reunião de Alto-Nível da ONU sobre a Cobertura Universal de Saúde (UHC, na sigla em inglês). Em dois painéis, o evento abordou a importância dos cuidados primários de saúde e os investimentos em saúde e bem-estar na era pós-Covid. As falas foram no sentido de fortalecer a atenção primária da saúde, a formação de profissionais e a priorização de vítimas vulneráveis.

No evento, que contou com a participação de diversas autoridades, entre elas Ministra da Saúde do Brasil, Nísia Trindade, foi reforçado um relatório da OMS que indica que 2 bilhões de pessoas não têm acesso a serviços de saúde no mundo.

Além disso, foi destacado que, até 2030, 60 milhões de pessoas podem ser salvas com ações de PHC (Cuidado Primário da Saúde, em inglês). Como ressalta Meyer, articulando os eventos em que participou, “a vida acontece ‘no chão’, no cotidiano da cidade ou do campo, onde as pessoas vivem. E a atenção à saúde deve alcançá-las, superando as desigualdades sociais, territoriais entre outras também existentes.

Foi bom ouvir a Ministra Nísia, pois o Brasil tem um Sistema de Saúde, o SUS, que prevê esse atendimento e que busca chegar aos mais inacessíveis lugares onde vive a população brasileira, sem diferenciação na qualidade de atendimento. Esse contato direto, via Saúde da Família, Unidades Básicas de Saúde, Programa Saúde-Escola, permitem o rastreio e o cuidado mais próximo e empático das pessoas. Permite a identificação das DCNTs, o encaminhamento. Nossas conversas com as equipes do Ministério têm tido essa tônica, de achar meios para visibilizar a pessoa, acompanhar o cuidado”.

Como endereçamento, o G7 reforçou que vai direcionar 48 bilhões de dólares para o programa de cobertura universal de saúde da ONU.