Não possui cadastro?

Cadastre-se

Já possui conta?

Faça login

Pagamento aprovado... Acessos liberados

Seu pedido foi aprovado com sucesso

Já liberamos o acesso ao espaço exclusivo para assinantes.

Acessar área exclusiva

Pedido não processado :(

Infelizmente o seu pedido não foi processado pela operadora de cartão de crédito

Tente novamente clicando no botão abaixo

Voltar para o checkout

Notícias

Buscar

Notícias

Câncer infanto-juvenil tem vazio assistencial no Brasil

Presença de centros especializados no cuidado ao câncer infanto-juvenil concentram-se nas regiões Sul e Sudeste, impactando no tratamento

André Derviche Carvalho

19 de maio de 2025 (atualizado 19 de maio de 2025 às 17h43)

O tratamento do câncer infanto-juvenil no Brasil enfrenta uma série de obstáculos que dificultam o cuidado da doença. Com a concentração de centros especializados para o tratamento nas regiões Sul e Sudeste, locais como Norte e Nordeste saem atrás nas chances de cura. Para enfrentar as iniquidades, especialistas reforçam a necessidade de uma Política Nacional de Atenção ao Câncer Infanto-Juvenil.

Segundo levantamento do CFM (Conselho Federal de Medicina), de 2020, há 79 instituições habilitadas para oncologia pediátrica no Brasil. No entanto, esses centros concentram-se em estados das regiões Sul e Sudeste. Por exemplo, São Paulo tem 29% dos centros especializados e é seguido por Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul.

Enquanto isso, há casos como os do Amazonas, Maranhão, Piauí, Sergipe e Espírito Santo, com uma média de um centro por estado. “Muitos pacientes precisam se deslocar de suas cidades, o que impacta muito na questão familiar. Há questões muito relacionadas a aspectos socioeconômicos. Precisamos olhar para essas questões que envolvem o tratamento do câncer em crianças e adolescentes”, destaca Nina Melo, coordenadora de pesquisa da Abrale (Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia).

A falta de acompanhamento especializado repercute em um dos principais desafios para o cuidado do câncer infanto-juvenil: o diagnóstico precoce. Para se ter uma ideia, quando tratado precocemente em centros especializados, o câncer pediátrico tem 80% de cura, segundo pesquisa do Instituto Desiderata.

Política Nacional de Atenção ao Câncer Infanto-Juvenil

Por essa razão, organizações da sociedade civil mobilizam-se por uma Política Nacional. O Grupo de Trabalho de Oncologia Pediátrica da Abrale, por exemplo, mapeia iniquidades em saúde na oncologia pediátrica conforme regiões do Brasil. Com isso, propõe uma Política Nacional de Atenção.

Ela seria baseada em alguns eixos: aumento da sobrevida, redução da mortalidade, melhora na qualidade de vida de crianças e adolescentes. Além disso, ela também defende a estruturação da rede de atenção à saúde para atender esses casos. “A Atenção Primária é fundamental nesse momento de detectar esses sinais e sintomas e, identificando um caso de câncer, ter fluxo de encaminhamento eficaz para atenção especializada”, diz Nina.

Para ela, não há nada em âmbito nacional que olhe para o aspecto da iniquidade. Ela cita o Tratamento Fora do Domicílio, um auxílio que governos municipais e estaduais podem dar para pacientes buscarem tratamento fora de seus territórios. Porém, sem uma regularização nacional, Nina avalia a medida como insuficiente. Tudo isso traz um impacto na chance de cura do câncer em crianças e adolescentes.

Tratamento humanizado

Uma vez diagnosticado, o câncer infanto-juvenil exige acolhimento para criança. A Abrale, junto ao Instituto Maurício de Souza, lançou o Projeto Dodói. Nesse sentido, o objetivo é oferecer um atendimento humanizado para crianças e adolescentes. Pelo projeto, eles recebem kits com brinquedos, gibis, cartilhas e mais para apoiar a eles e a suas famílias no tratamento.

Pediatras, oncologistas e hematologistas compõem o cuidado especializado do câncer infanto-juvenil. Mas, para além disso, Nina também destaca a importância do acompanhamento pedagógico para promover a continuidade escolar dos pacientes. “O diagnóstico de câncer é da família, não é de uma pessoa só. O câncer infanto-juvenil tem particularidades importantes que não podem ser trabalhadas conjuntamente com as questões da oncologia em adultos”, reforça.