Resultados preliminares de uma pesquisa da ABRH (Associação Brasileira de Recursos Humanos) mostram que 84% das empresas não possuem ações de promoção de saúde dentro do ambiente de trabalho. A pesquisa foi feita com empresas que, juntas, empregam 3,3 milhões de pessoas. Os dados foram citados em live do PBO (Painel Brasileiro da Obesidade).

Desta forma, o contexto mostra que ainda há um longo caminho a ser percorrido no que se refere à promoção de saúde no ambiente de trabalho. “As empresas têm neste momento uma nova e excelente oportunidade para contribuir com um tema de grande importância. Saúde interessa a todos”, disse Almir Neto, co-fundador e presidente da ABPASS (Associação Brasileira para a Promoção da Alimentação Saudável e Sustentável).

Assim, por meio de suas atividades, a ABPASS busca reforçar as recomendações do Guia Alimentar para a População Brasileira aplicando-as no ambiente de trabalho. Essa preocupação leva em conta o fato de que, entre 2012 e 2022, a porcentagem de adultos com sobrepeso e obesidade no Brasil aumentou em mais de 10 pontos percentuais. Foi de 52,3% para 64,2%, segundo dados da OMS (Organização Mundial de Saúde).

Alimentação no ambiente de trabalho

O espaço de trabalho pode ser considerado um microambiente alimentar. Nesse sentido, empresas mostraram que são úteis e relevantes na implementação de políticas públicas. Por exemplo, em 1977, o Programa de Alimentação do Trabalhador ganhou força graças à adesão das empresas. Além disso, há, a partir delas, um longo histórico de planos de assistência médica.

Pensando nisso, a ABPASS surgiu para melhor promover a saúde no ambiente empresarial, principalmente considerando que somente 16% das empresas adotam e estão atentas a práticas que vão nesse sentido.

Para isso, em 2018, por exemplo, a ABPASS, em parceria com a ABRH, promoveu uma série de workshops para empresas no interior do estado de São Paulo para falar sobre saúde e alimentação. “Estava muito claro o quanto o tema saúde populacional estava distante das estratégias das empresas. A grande preocupação dos gestores de RH era administrar os custos com assistência médica”, relata Almir Neto.

Investimento em saúde no trabalho

Assim, um dos focos da ABPASS foi conscientizar os profissionais que investir em ações de promoção de saúde era também uma forma de reduzir gastos com assistência médica. “Não se trata de combater os custos da assistência médica. O custo da assistência médica é uma consequência dos custos da doença e não da saúde. [É porque] Aumentou a sinistralidade no sistema de saúde”, explica Almir Neto.

Em 2022, a ABPASS lançou o Programa Empresa Sustentável. Por meio dele, as empresas podem garantir o selo ABPASS. Para isso, a empresa deve seguir alguns critérios: ter cardápios com ingredientes que sigam o Guia Alimentar, com o mínimo de alimentos ultraprocessados e o máximo de alimentos in natura;  ter técnicas saudáveis de culinária e uma comunicação que oriente os funcionários rumo a hábitos saudáveis. De acordo com uma pontuação, a empresa pode ganhar o selo bronze, prata, ouro ou diamante.

Almir Neto falou sobre como a promoção da saúde no ambiente de trabalho pode reduzir os custos para o setor de recursos humanos: “Quando você gasta mais com saúde, você gasta menos com doenças. Os planos de saúde são reajustados em percentuais menores para as empresas que estão avançando. Isso é um estímulo para o mundo empresarial abraçar a causa”.

A promoção da saúde no ambiente empresarial

Como próximos passos, a ABPASS pretende intensificar ações de comunicação e educação em prol de hábitos saudáveis. Além disso, a missão também passa por monitorar indicadores de saúde no ambiente empresarial e compartilhar boas práticas entre as organizações. Há também o plano de atuar sobre restaurantes comerciais, onde muitos dos funcionários se alimentam, para promover a alimentação saudável.

Por fim, Almir Neto falou sobre o trabalho de convencimento das empresas para adotar medidas de promoção da saúde: “Damos atenção àquelas que demonstram estar mais interessadas. Quando se acredita na pauta, é muito mais simples. Estamos recebendo as empresas que têm interesse e dando o apoio”.

Como exemplo, ele cita a retirada da oferta de doces e refrigerantes nos ambientes alimentares de dentro das empresas.