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Acontece no PBO

Estudo detalha crescimento da obesidade no Brasil segundo inquéritos

Estudo do Instituto Cordial analisou inquéritos populacionais nacionais de saúde e encontrou um crescimento da obesidade de até 154% ao longo das últimas décadas

André Derviche Carvalho

27 de mar de 2024 (atualizado 1 de abr de 2024 às 19h00)

A obesidade deve atingir 38,5% da população brasileira até 2030, segundo o Atlas da Obesidade. No entanto, o crescimento da obesidade no Brasil não é de hoje. Um estudo do PBO (Painel Brasileiro da Obesidade), uma iniciativa do Instituto Cordial, analisou dados de inquéritos populacionais nacionais sobre obesidade. Como conclusão, aponta-se que os níveis da doença crescem pelo menos desde 2002 no país.

O estudo baseou-se em três importantes inquéritos populacionais: a POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares) de 2002 a 2009; Vigitel, de 2006 a 2023 e a PNS (Pesquisa Nacional de Saúde), de 2013 e de 2019. O objetivo foi analisar a evolução da obesidade ao longo do tempo. Além disso, o estudo também investigou a prevalência da obesidade segundo aspectos socioeconômicos.

Todos os inquéritos demonstraram um aumento linear e constante da prevalência da obesidade no Brasil. O crescimento foi generalizado, porque se deu em todos os graus de obesidade, do I ao III. O Vigitel, inquérito com maior número de edições disponíveis, dá a dimensão do crescimento: entre 2006 e 2023, houve um aumento de 90,7% entre casos de grau I; de 147,6% em grau II e 154,6% em grau III.

Apesar de identificar que o maior crescimento da obesidade no Brasil se deu após a pandemia, o estudo do PBO registrou que, mesmo antes disso, a obesidade já vinha aumentando. Outro achado foi que, na maioria dos contextos, as mulheres representam a faixa mais afetada por casos de obesidade. Segundo o Vigitel, mulheres lideram em casos de obesidade grau II e III.

Além disso, se inicialmente a obesidade concentrava-se em algumas macrorregiões do Brasil, o estudo mostra que, hoje, ela se distribui de forma homogênea pelo Brasil. Nesse sentido, o estudo propõe intervenções flexíveis, humanizadas e que consideram diferenças socioeconômicas e culturais do país.

O crescimento da obesidade segundo a interseccionalidade

Felipe Delpino, nutricionista e pesquisador no Instituto Cordial, lembra que a obesidade é uma doença multifatorial: “A ocorrência da obesidade pode ser desigual por questões regionais e características sociodemográficas do indivíduo”.

Assim, o estudo também buscou analisar a prevalência da obesidade segundo critérios como raça, gênero e escolaridade. Nesse sentido, ficou evidente que os graus mais severos de obesidade tendem a ser maiores entre indivíduos com maiores iniquidades sociais. A hipóteses é que isso tem relação com o acesso à alimentação:

“Os alimentos ultraprocessados têm um custo muito baixo e uma alta densidade calórica. Como eles custam pouco, podem ser o único alimento acessível em certas condições sociais. Isso pode levar a casos mais severos de obesidade”, diz Felipe Delpino

A discrepância apareceu na PNS, segundo a qual a obesidade é mais prevalente em grupos com menos iniquidades sociais. Com isso, é possível perceber que a obesidade é uma doença que, mesmo concentrando-se em certos grupos, atravessa classes sociais. Isso reforça o aspecto complexo e multifatorial da doença.

Assim, reconhecer a obesidade como doença crônica em inquéritos nacionais é vital para uma gestão de saúde mais eficaz. Isso reforça a importância de pautar a obesidade em pesquisas e inquéritos realizados no âmbito da saúde dos brasileiros. “Juntos, esses inquéritos deixam mais claro o quanto a obesidade é preocupante, o quanto as características das pessoas podem influenciar na obesidade. O quanto o acesso à saúde pode influenciar, mas há limitações metodológicas”, afirma Delpino.

Faça o download do documento por este link.