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Mais da metade dos países não atingiu meta global sobre obesidade infantil

Estudo Mina-Brasil encontrou realidade semelhante no Brasil, com alta prevalência de sobrepeso nos primeiros anos de vida

André Derviche Carvalho

22 de maio de 2025 (atualizado 22 de maio de 2025 às 15h41)

Em compromisso da OMS (Organização Mundial da Saúde), países de todo o mundo pactuaram a meta de chegar a 2025 sem aumentar o índice de sobrepeso durante a infância. No entanto, 52,5% desses países não atingiram a meta. Os dados são do estudo The State of Food Security and Nutrition in the World 2024. Os dados preocupam, porque quadros de sobrepeso e obesidade na infância tendem a repercutir na vida adulta.

O estudo também trouxe o cenário do aleitamento materno exclusivo no mundo. Nesse caso, a meta era aumentar em, pelo menos, 50% a taxa de amamentação materna exclusiva nos primeiros seis anos de vida. A preocupação persiste: 54,2% dos países estão fora da meta.

A professora Marly Cardoso, do departamento de Nutrição da USP (Universidade de São Paulo), lembra que o Brasil entra no grupo dos páises fora do caminho certo. Aqui, coexistem altas prevalências de anemia e excesso de peso na infância, principalmente em grupos de maior vulnerabilidade social.

Nesse contexto, os primeiros mil dias de uma criança são definidores em termos de condições de saúde para o resto da vida. “Esse é um período que potencializa as ações do crescimento infantil. Isso tem um papel determinante”, diz a professora Marly reforçando a importância de ações de saúde pública nesse período da vida.

Vale lembrar que eventos adversos na saúde infantil têm impactos a curto prazo, durante a infância e adolescência, a longo prazo, na vida adulta, e intergeracionais. Afinal, o impacto continua na próxima geração.

Projeto Mina-Brasil

Em live do PBO (Painel Brasileiro da Obesidade), a professora Marly apresentou o estudo Mina-Brasil. A pesquisa tem como objetivo mapear o estado nutricional materno-infantil. Nesse caso, o local escolhido para o estudo foi o município de Cruzeiro do Sul, no Acre.

O estudo Mina-Brasil é uma realização da Faculdade de Saúde Pública da USP e contou com uma parceria com o Hospital da Mulher e da Criança do Vale do Juruá. A unidade realizava 96% de todos os partos de Cruzeiro do Sul durante a condução do estudo.

Assim, o Mina-Brasil acompanhou gestantes e o crescimento de seus filhos, monitorando os principais indicadores de saúde. “Para as gestantes que tiveram ganho de peso insuficiente, houve maior risco [para o bebê] de baixo peso ao nascer. Para as gestantes com ganho de peso excessivo, durante a gestação, houve maior risco de macrossomia, que são bebês com mais de 4 quilos”, explica a professora Marly.

Ou seja, o sobrepeso de gestantes antes da gravidez esteve associado ao ganho de peso maior do bebê nos dois primeiros anos de vida. A pesquisa também constatou baixa prevalência de aleitamento materno exclusivo.

Sobrepeso na infância

O estado nutricional encontrado em Cruzeiro do Sul conversa com o do restante do Brasil. Lá, os pesquisadores constataram ganho de peso excessivo no primeiro ano de vida dos bebês. Além do estado nutricional da mãe, outra razão crucial é a alta frequência no consumo de alimentos ultraprocessados, como bebidas adoçadas, embutidos e macarrão instantâneo.

“Isso nos chamou muito a atenção. São alimentos que não são recomendados e que não deveriam fazer parte da alimentação complementar. Observamos que o consumo diário de ultraprocessados tinha um impacto negativo no crescimento cerebral e do fêmur”, diz a professora Marly

O Enani (Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil) de 2019 constatou o consumo de ao menos um ultraprocessado em 80,5% das crianças de 6 a 23 meses de idade.

Além disso, outra conclusão derivada dos estudos do Mina-Brasil foi o impacto negativo da ausência de aleitamento materno na saúde da microbiota intestinal da criança.

Com isso, a professora Marly lembra da importância de monitorar o estado nutricional de gestantes e crianças segundo macrorregiões, escolaridade materna e etnia. Também reforçou a necessidade de melhorias nos cuidados de saúde materno-infantil, com a promoção de aleitamento materno exclusivo e de hábitos alimentares saudáveis.