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Mudanças climáticas afetam sistemas alimentares e prejudicam saúde

Especialista explica relação das mudanças climáticas com as condições de saúde da população, o que passa pela segurança alimentar

André Derviche Carvalho

22 de set de 2025 (atualizado 22 de set de 2025 às 12h15)

Há uma conexão direta entre mudanças climáticas e condições de saúde da população. Aline Carvalho, doutora em Nutrição em Saúde Pública pela USP (Universidade de São Paulo), indica que os sistemas alimentares estão no meio desse caminho.

Isso porque, além dos impactos diretos que o calor extremo tem sobre a saúde, as mudanças climáticas também afetam a cadeia produtiva de alimentos. Obesidade e desnutrição podem ser desfechos possíveis.

“As mudanças climáticas afetam a produtividade de alimentos básicos, o que vai afetar o preço dos alimentos. Isso vai impactar no que as escolas e as famílias compram, o que pode aumentar o risco para desnutrição e obesidade. Essas mudanças climáticas vão afetar os sistemas alimentares, que vão afetar a disponibilidade e consumo de alimentos”, explica Aline

Sindemia global

Além das mudanças climáticas, o mundo passa por outros dois problemas: a obesidade e a desnutrição. De um lado, a prevalência da obesidade aumenta.

No Brasil, 31% da população adulta enfrenta esse quadro, de acordo com o Atlas Mundial da Obesidade de 2025. Além disso, nenhum país do mundo conseguiu reverter esse problema, trazendo impactos no sistema de saúde e na economia de diversos países.

De outro lado, há a desnutrição, ainda prevalente principalmente em níveis socioeconômicos mais baixos. Soma-se a isso as mudanças climáticas, que em países como o Brasil, conversam diretamente com sistemas alimentares.

Afinal, 70% das emissões de gases do efeito estufa são de origem da cadeia de alimentos, com desmatamento e produção agropecuária. Os dados são do SEEG (Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa).

“Isso é bem diferente do resto do mundo, em que os sistemas alimentares apresentam em média 25% das emissões, uma vez que usam muito carvão para a produção de energia”, explica Aline.

Impactos nos sistemas alimentares

O excesso de gases do efeito estufa afeta a produção de alimentos à medida que reduz o valor nutricional de arroz, soja, feijão e trigo. Além disso, as altas temperaturas do ar podem exceder a faixa ideal para o crescimento de diversas espécies. Já o aumento de temperaturas vivenciado nos últimos anos traz um impacto na produção de frutas e grãos.

Os sistemas alimentares do Brasil

A Faculdade de Saúde Pública da USP lançou o Índice Multidimensional de Sistemas Alimentares Sustentáveis Revisado para o Brasil. Nele, pesquisadores avaliaram indicadores ambientais de diferentes regiões do Brasil. Confira o cenário mapeado:

  • Grupo A (Centro-Oeste e uma parte do Norte): estados exportadores de alimentos e centro da produção agropecuária nacional. Apresentou os piores indicadores ambientais para emissão de gases do efeito estufa, uso de água e de terra;
  • Grupo C (Nordeste): estados com pior desempenho nutricional e produtivo, cenário muito atribuído à seca;
  • Grupo D (região Amazônica): pior cenário de segurança alimentar e nutricional, muito graças ao menor acesso a alimentos. Também apresentou baixa diversidade de dieta e desnutrição crônica;
  • Grupo B (Sul-Sudeste): o melhor desempenho, apesar do alto uso de agrotóxicos.

Com isso, concluiu-se que quanto maior o indicador socioeconômico, maior o indicador nutricional. “Em contrapartida, os indicadores econômicos são inversamente proporcionais aos indicadores ambientais. Parece que esses estados têm um desenvolvimento econômico, nutricional e social, mas usando muitos recursos naturais”, pondera Aline.

Além disso, os alimentos de melhor valor nutricional são escoados nos estados mais ricos, em que a população tem maior poder aquisitivo. Assim, estados mais pobres ficam com a carga de má nutrição.

Nesse sentido, Aline Carvalho traz uma recomendação para como profissionais de saúde podem ajudar a reverter esse cenário: “Quando falamos em sistema alimentar, toda a ação, do produtor ao consumidor, vai ter um impacto. Como profissional de saúde, podemos oferecer esse suporte para promover melhores decisões para os nossos pacientes. Tratar da obesidade tem a ver com tudo isso”.