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Acontece no PBO

Cuidado da saúde depende de uma cidade bem planejada

Cidades que incentivam a mobilidade ativa e o bem estar de sua população saem na frente na prevenção da obesidade

André Derviche Carvalho

8 de ago de 2023 (atualizado 21 de dez de 2023 às 17h26)

O estímulo à mobilidade ativa e à integração de modais de transporte são duas soluções urbanísticas que ajudam na promoção da saúde. É esse tipo de iniciativa que representa a intersecção entre a área de saúde e urbanismo. Para especialistas, o caminho para promover hábitos saudáveis também está na forma de planejar as cidades. A discussão foi levantada em uma live conjunta entre o PBO (Painel Brasileiro da Obesidade) e do PBM (Painel Brasileiro da Mobilidade).

A maioria das cidades brasileiras foi pensada tendo o carro como prioridade. Do investimento direcionado prioritariamente ao asfalto até as calçadas estreitas, são muitos os maus exemplos que grandes cidades dão para a promoção de hábitos saudáveis e sustentáveis. Com eles, não há estímulo à mobilidade ativa e, consequentemente, o combate ao sedentarismo fica de lado.

“Nossas cidades foram construídas para os carros. A cidade para as pessoas tem que ser viva, segura, sustentável e saudável. Uma cidade viva é a que tem pessoas nas ruas”, aponta a arquiteta e urbanista Janaína Amorim, sócia-diretora da Metrics Mobilidade. Calçadas mais amplas e seguras são alguns exemplos citados para tornar as cidades mais convidativas.

Além disso, é também necessário fortalecer a integração entre modais de transporte. Nesse caso, especialistas veem com bons olhos a presença de bicicletários em estações de Metrô, o que estimula um transporte mais saudável e sustentável, pois promove atividade física e contribui para a redução da poluição nas cidades.

O combate ao sedentarismo, inclusive, é uma das missões da OMS (Organização Mundial da Saúde). Em 2018, a organização lançou a campanha Let’s be active, que tem como meta reduzir a inatividade física em 15% até o ano de 2030. Para isso, a OMS põe como ação concreta o estímulo da mobilidade ativa no dia a dia. Isso seria possível, por exemplo, com cidades mais favoráveis ao caminhar, com trajetos mais curtos e acessíveis.

Para o professor Paulo Saldiva, da Faculdade de Medicina da USP, essa predominância do sedentarismo tem relação com a história das cidades, em que o solo passou a virar recurso e não mais espaço de convivência. Com uma população morando cada vez mais longe dos centros em locais menos “valorosos”, o transporte a pé ou de bicicleta perdeu espaço. “Aquela carga de trabalho, que é útil para manter o sistema cardiovascular e para manter a quantidade de cálcio nos ossos, não existe mais”, ele explica.

Há o que pode ser chamado de “sedentarismo compulsório”, que prejudica a saúde da população e acaba sendo um fator de risco para o desenvolvimento da obesidade.

Saúde e políticas públicas

Por meio do CTB (Código Brasileiro de Trânsito), a lei brasileira coloca o pedestre como prioridade no trânsito. Acontece que essa não é a realidade quando se tem calçadas estreitas e um investimento prioritário no asfalto. Com isso, além do sedentarismo, outro problema que se apresenta é a ocorrência de sinistros no trânsito. Por esse motivo, o professor Saldiva aponta que o primeiro passo é quantificar em bases de dados os custos de se ter um desenho urbano que prioriza formas individuais de transporte, como o carro. Tais custos não são somente financeiros, mas dizem respeito também à poluição, inatividade física e mortes no trânsito.

Assim, os governantes devem pensar as cidades de forma interdisciplinar, com um desenho urbano que priorize a mobilidade ativa e a redução de sinistros no trânsito. “É utópico pensar que as pessoas vão caminhar e pedalar para qualquer lugar das cidades. Isso não é acessível para a maioria das pessoas. Temos que ter uma estrutura de transporte público boa e uma boa integração, em que conseguimos acessar de forma ativa”, diz Janaína.

Cidades descentralizadas, em que existam vários centros com ampla disposição de serviços, também são uma forma de garantir deslocamentos curtos que possam ser feitos a pé ou de bicicleta, por exemplo.