O Instituto Cordial, por uma de suas iniciativas, o Painel Brasileiro da Obesidade (PBO), marcou presença em sessão solene no Congresso Nacional, em Brasília. O evento foi uma homenagem ao Dia Mundial da Obesidade, celebrado em 4 de março. Na oportunidade, o diretor de operações do Instituto, Luis Fernando Meyer, chamou a atenção de parlamentares e da sociedade civil para a gravidade da obesidade. Para assistir o evento na íntegra, acesse este link.

Em sua fala, Meyer destacou os mais recentes dados sobre a doença, presentes no Atlas da Obesidade de 2024, uma realização da Federação Internacional de Obesidade (WOF, em inglês). Os dados projetam um crescimento dos casos de obesidade no Brasil e no mundo. Com isso, um terço da população deverá enfrentar a obesidade até 2030.

“Há uma dificuldade generalizada em falar sobre obesidade por conta do estigma. Mesmo que alguns profissionais de saúde entendam a obesidade como doença, ainda estamos muito longe efetivamente de lidar com ela como doença. Isso se dá pelo estigma, que afasta as pessoas do sistema de saúde. Boa parte dos profissionais entendem a obesidade como questão de comportamento individual”

Nesse sentido, Meyer defendeu a realização de campanhas educativas e de formação. Como mostrou o PBO em um estudo exclusivo, a obesidade não é um tema abordado pelo currículo acadêmico dos principais cursos de saúde. Por isso, o Instituto Cordial já se mobiliza junto ao Ministério da Saúde e da Educação para incluir essa pauta em cursos universitários.

A gravidade da obesidade

Meyer também destacou a importância das políticas nacionais de alimentação, que priorizam alimentos saudáveis. Além disso, ressaltou a regulação pela rotulagem dos alimentos e pela tributação de alimentos não saudáveis. Essas são estratégias eficazes na prevenção de casos de obesidade. Mas há que se ir além disso.

No mundo, 3,3 bilhões deverão viver com obesidade até 2035. “Reduzir a prevalência da obesidade é reduzir a prevalência de doenças associadas, como diabetes e problemas cardíacos. Essas pessoas devem estar presentes na formulação das políticas públicas. Devem ter seus direitos garantidos, em especial o direito à saúde”, colocou Meyer.

Portanto, os sistemas de saúde devem estar preparados para lidar com os casos de obesidade. Por exemplo, hospitais precisam disponibilizar equipamentos que comportem o corpo da pessoa com sobrepeso e obesidade. E os formuladores de políticas públicas devem pensar em aspectos como a distância até atendimentos dignos e na infraestrutura de unidades básicas.

Atuação no legislativo

Um dos focos do Instituto Cordial, por meio do PBO, é a atuação junto ao Poder Legislativo. Nesse caso, a iniciativa do Instituto Cordial mapeou 42 projetos de lei relacionados à obesidade tramitando no Congresso Nacional e tem elaborado Notas Técnicas para seu aperfeiçoamento e apoio. Com isso, é feito um trabalho de mobilização junto aos principais parlamentares sensíveis à causa da obesidade.

Além disso, o PBO também apoia a criação de uma subcomissão específica para obesidade, como proposto em 2023 pelo Deputado Dr. Benjamin (União). Ou seja, a comissão de saúde da Câmara dos Deputados passaria a ter um grupo de parlamentares dedicado especificamente para a questão do sobrepeso e da obesidade. Mais do que isso, o PBO tem fornecido assistência técnica para que deputados formulem projetos de lei de prevenção e cuidado da obesidade embasados no que há de mais novo e melhor sobre o assunto.

Durante a sessão solene, Meyer sugeriu aos deputados presentes a realização de uma audiência pública sobre obesidade no Brasil. “Se agirmos de forma coordenada, o Brasil pode ser um exemplo no enfrentamento desse desafio. Contem com o PBO”, concluiu Meyer.

A sessão solene

Com duração de uma hora, a sessão solene em homenagem ao Dia Mundial da Obesidade foi realizada por requerimento da deputada Flávia Morais (PDT) e dos deputados Dr. Zacharias Calil (União) e Sargento Portugal (Podemos), que se revezaram na presidência da sessão.

Além dos parlamentares, outros atores da sociedade participaram, como Bruno Halpern, presidente da Associação Brasileira para Estudos da Obesidade (Abeso), Leonardo Sebba, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), Erick Cuzziol, representando a ONG Crônicos do dia a Dia e por Carlos Alberto Eilert, do Conselho Federal de Educação Física Nacional.